Nonô do Carnaval é homenageado pela Secretaria de Cultura de Divinópolis

Da Redação

Neste mês do Carnaval, a Secretaria Municipal de Cultura (Semc) de Divinópolis está realizando homenagens a pessoas que fizeram e fazem parte da história do evento em Divinópolis. A primeira homenageada foi Zélia Brandão e, desta vez, o homenageado é Nonô, da Escola de Samba Tupy.

Além das entrevistas com a história destas importantes pessoas para o Carnaval da cidade, está aberta, no Centro Administrativo da Prefeitura de Divinópolis, a exposição “Abre Alas”. O objetivo da mostra é resgatar a história carnavalesca de Divinópolis, mostrando fatos e personagens importantes da cultura carnavalesca da cidade. A exposição está localizada no hall de entrada e pode ser visitada por qualquer pessoa interessada, até o dia 28 de fevereiro, durante todo o horário de expediente da Prefeitura.

Nonô do Carnaval

Antônio Venâncio Rosa, conhecido como Nonô da Escola de Samba Tupy, nasceu em São João del-Rei, em 1923 e foi o maior carnavalesco de Divinópolis, tendo dedicado 42 anos ao Carnaval, sempre com muito amor e samba no pé. Nonô, aos cinco anos de idade, usou sua primeira fantasia de Carnaval e, aos 12, começou a desfilar no Rancho Carnavalesco “Custa, mas Vai”, e em 1940 foi mestre-sala do Rancho “Prazer das Morenas”.

Em 1939 veio trabalhar em Divinópolis por um curto período e em 1944 retornou para a cidade. Em julho de 1945 casou-se com Oralda Rosa na cidade de Lagoa Dourada e em agosto voltou para Divinópolis. O casal teve seis filhos. Em 1947, no Carnaval, foi convidado por alguns ferroviários que vieram da cidade de Cruzeiro para montar um bloco, que causou grande sucesso, com a turma fantasiada de pirata. Além de Antônio Venâncio, estava José Miguel, Onofre, montados a cavalo, como abre-alas. O nome do bloco era “Original”. O pessoal de Divinópolis, na época, chamava-o de “Peru” e a seu filho Venâncio de “Peruzinho”, quando os dois, fantasiados de Pierrot, passavam pela avenida 1º de Junho.

Em julho de 1951, foi trabalhar na fábrica de móveis de José Dias, em Lagoa da Prata, voltando pouco tempo depois em companhia de João Santana, e alugaram uma fábrica de móveis na avenida Getúlio Vargas, 575, de propriedade de Latife Faria. A sociedade durou pouco e ele ficou sozinho com a fábrica, a Mobiliadora Tupy.

Em 1952, para melhorar os negócios, chamando a atenção, fez o primeiro Carnaval de rua de Divinópolis e em 1954, com a ajuda do professor Carlos Altivo, primeiro presidente da Associação Comercial (hoje Acid), foi feito o primeiro abre-alas da cidade, através da Tupy. A escola desfilou com três carros alegóricos: Honra ao Mérito; um violão medindo 12 metros, homenagem ao cantor Francisco Alves, o Rei da Voz; e o terceiro era um navio, com 10 metros, em homenagem à Marinha do Brasil.

Em 1955 organizou a chegada do Rei Momo a Divinópolis, com a ajuda do agente da estação Ferroviária, senhor Gentil, além do Dr. Assuero, formando uma composição que veio de Carmo do Cajuru para Divinópolis, trazendo o Rei Momo e a rainha de Carnaval. Em um palanque armado na rua São Paulo com avenida 1º de Junho, foi entregue a chave da cidade pelo prefeito Luiz Fernandes e, Carlos Altivo, coroou a Rainha. O rei era Nelson Pelegrino e a rainha, Maria de Nazaré de Almeida. O estandarte da Tupy ficou exposto na vitrine da loja, A Moreninha, de propriedade de Mayrink Pinto de Aguiar e foi entregue pela noiva do dono, Adelci Mattar.

A Tupy, em 1959, teve a ajuda do maestro Ivan Silva e de Aristides Salgado dos Santos, e confeccionou um carro alegórico. Antes, tinha sido Amnys Rachid que o tinha ajudado, que confeccionou na Casa Orion um trono para a Rainha e o Rei Momo. Ubaldo Rocha foi outro comerciante que muito ajudou e o carro de novo feito pelo estudante Aristides Salgado e por Antônio Morato.

Em 1966 e 1967, contou com a ajuda de Mayrink Pinto de Aguiar, com a iluminação de alguns quarteirões da avenida 1º de Junho e a família Fagundes doou um carro alegórico. Já era uma gigantesca garrafa da Brahma. Foi a última vez que a Tupy desfilou acompanhada por músicos e o maestro Aquiles Fabrini, Isquel no trombone de vara e outros.

De 1968 a 1971 foi a primeira vez que recebeu ajuda da Prefeitura, através de Sebastião Gomes Guimarães. Depois, em 1972 e 1973 a Tupy desfilou na 1º de Junho, já asfaltada por Antônio Martins. Em 1974, novamente Ivan Silva ajudou e a Tupy ganhou o primeiro Carnaval da escola, Os Metralhas, tornando-se tricampeã em 1976 e 1977. De 1974 até 1985 foi o mestre-sala da escola e dona Oralda, a esposa, a porta-bandeira. Em 1988, a Tupy teve o grupo de apoio que começou com Aroldo Calisto, Geraldo de Barros, Juca Mariano e Pedro Magalhães de Faria, que muito ajudou a escola, também em 1989.

De 1990 a 1994, Nonô continuava dando brilho e cor ao Carnaval de Divinópolis, sendo a autêntica representação viva do Carnaval de verdade, sem teatros e fantasias ricas: era só amor e muito samba no pé. Veio a falecer no dia 13 de março de 1994, em decorrência de um derrame cerebral, desfilando pela última vez nesse ano, já debilitado e sendo internado logo após o desfile, para uma cirurgia de vesícula, que teve seu quadro agravado.

Segundo os familiares, Nonô faleceu sem saber que a Escola de Samba Tupy (sua escola de samba), terminou o carnaval daquele ano em segundo lugar. Quem recebeu o prêmio foi Dona Oralda, que, muito triste, não quis dar a notícia ao esposo. Relatos contam que foi uma injustiça a escola ter ficado com o segundo lugar. Mas o que podemos dizer é que por toda dedicação, amor, respeito e admiração que o Nonô tinha pelo Carnaval, ele sempre será e estará em primeiro lugar.

Dona Oralda, ainda hoje, relembra os bons tempos do Carnaval de Divinópolis.

— O carnaval era muito bonito, muita fantasia. Todo mundo muito alegre e entusiasmado. Eu era a porta bandeira e lembro de muita gente nas ruas, esperando a gente passar. Os carros alegóricos eram lindos, muita cor e brilho. Nossa casa ficava cheia de gente, ia todo mundo lá para terminar de se arrumar e esperar a hora do desfile. Tínhamos muitas costureiras para dar conta de tanta fantasia para fazer — destacou.

 

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