Naquele canto...

Antônio de Oliveira 

Naquela mesa tá faltando ele... Tá faltando ela. Ele e ela, pronomes pessoais. Mas a gente sente falta de coisas também. Nossa televisão estragou. Ops... Ele ou ela? Na verdade, quase todo mundo fala “televisão”, mas televisão é a emissora, rede, ambas palavras femininas: TV Tupi, TV Itacolomi, TV Record, TV Globo, Rede TV. Enfim, nosso televisor, ou aparelho de televisão, pifou. Foi levado ao conserto. Ficou um vazio no canto da sala. Um silêncio também. Faltando uma coisa. Ele, ela? Não importa. Digamos “aquilo”, forma neutra de aquele e aquela. Afinal, para que complicar tanto?

Pensando bem, um televisor (arre, deu para entender?) não é qualquer coisa.

É uma coisa falante. Nessa altura, Éramos seis, de Maria José Dupré, já se foi. Ou já se foram? Bom Sucesso a gente não sabe se vai mesmo ser bom ou se vai ser um mau sucesso, mas parece que, lidando Antônio Fagundes com a literatura, já é um sucesso. O Jornal Nacional (internacional também) ficou mudo.

Tá vendo? Naquele canto tá faltando uma tela com imagens, uma caixa de som. O controle remoto já não controla mais. Naquele canto tá faltando a televisão, digo, televisor. Mas, afinal, é televisão mesmo. Uma imagem intrometida que entra em minha casa, com o meu consentimento. E dá as cartas... E toma lá as cartas. Às vezes tento dialogar, dar palpite, mas as personagens falam entre si, não me escutam nem me deixam falar. Como as rosas de Cartola, que também não falam.

Sei não! Tá uma fartura. “Farta” tudo. Faltou televisão. No nosso prédio faltou até água e elevador. Só não tem faltado chuva. Chove a cântaros. Chove até gatos e cachorros: “cats and dogs”. Imaginem só! Ah! Não é ao pé da letra, não?

Mas deixemos de brincadeira. Problema, problemão mesmo, em decorrência das chuvas torrenciais, é a situação dos moradores em áreas de risco. Será que não tá faltando solidariedade? E o tal de planejamento? Entra ano, sai ano... 2020 tá só começando...

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