Na mesma direção

Editorial

Não existe outra expressão capaz de definir o momento em que vivemos: precisamos de um pouco de ar. Em todos os sentidos. Divinópolis entrou ontem na decisiva semana do lockdown. No próximo sábado, já será de conhecimento de todos se os índices epidemiológicos nos permitirão sair da onda roxa e pelo menos retornar para a onda vermelha, retomando um pouco de normalidade em nossa rotina. Ao mesmo tempo que isso é bom, é também preocupante, afinal, foram justamente as permissões concedidas com as alterações do programa Minas Consciente, além da população, é claro, alguns dos responsáveis por este momento assustador. Passamos  novamente por um lockdown, falta de leitos, de medicamentos, de insumos, de profissionais. Certo é que faltou bom senso de alguns. A população não se comportou, outros pressionaram, os políticos cederam. Pronto: a receita perfeita para o caos que começava a acontecer ‒ e era apenas questão de tempo para que a “bomba explodisse”. Agora, com o que se vive no Brasil,  resta catar os cacos e ver o que dá para fazer com apoio e responsabilidade de todos, é claro. 

A corrida hoje é contra o tempo, e o único propósito dela é: salvar vidas! Mas, para que esta missão seja cumprida, é necessário tempo e fôlego. Só que é justamente aí que vem a pergunta: onde eles estão? O tempo é curto e o fôlego também. Apenas as consequências de atos, talvez impensados, que criaram o mais puro e perfeito caos. Quem ainda está no grupo dos privilegiados que não foi contaminado, não precisou de internação, não lutou pela vida em uma UTI ou não teve algum parente, ou amigo que passou por esta situação cobra soluções. E isso sob uma justificativa plausível: é preciso comer. Sim! Apesar de interminável, e sem certo ou errado, a discussão é válida. Afinal, todos estamos exaustos de tudo isso. Não há e nunca houve um plano bom suficiente para evitar que se chegasse a este ponto. Nunca houve um plano bom suficiente que garantisse assistência na saúde e muito menos na economia. 

Basicamente é aquilo que todos estão cansados de ver e saber: muitos estão à própria sorte. A falta de empatia, de senso de coletividade, aliadas às decisões desastrosas nos trouxeram exatamente até aqui ‒ hoje, temos que lidar com as piores notícias, nos piores cenários. E, não, definitivamente não tem como falar que não era previsto, pois se tem uma coisa que isso tudo era, era previsto. Tentaram transformar a pandemia em política e se aproveitar da situação nas campanhas, esquecendo-se de que uma hora a conta viria. Agora ela chegou, e, diante do caos instalado, o único desejo é: tomara que a sorte esteja ao nosso lado. Sim! É com ela que contamos neste exato momento, pois planejamento já está mais do que provado que não há, aliás, nunca houve. 

Se há um ano poderíamos dizer que sairíamos mais fortes de tudo isso, hoje está mais do que provado que ainda estamos tentando. E não podemos desistir. Então, um ano depois, agora não resta outra alternativa senão todos prenderem a respiração, esperar os números a cada divulgação semanal para podermos remar na mesma direção. Esta é a saída, por enquanto, avistada.

 

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