Mundo do faz de conta

Somos todos fingidores. Um ator ora interpreta o papel de mocinho, ora de bandido, ora de vilão ou herói; a atriz, ora vilã, ora heroína. Como o poeta. “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”, escreve Pessoa. Um jogador de futebol abraça o time que o contrata. Depois, é capaz de jogar em outro time e tornar-se carrasco do time que defendera. Jura de amor eterno é o que mais existe por aí afora: “I Love you!”. Um quadro de arte representando uma tragédia pode custar milhões. The Walt Disney Company, hoje um dos maiores conglomerados de entretenimento do mundo, descobriu na fantasia e no ramo das animações um nicho de investimento e tem faturado milhões. Trabalha a cultura popular e, com ela, investe na fantasia infantil e adulta também. Cria personagens e recria figuras imortais de As Mil e Uma Noites.

Michael Jackson deu ao seu rancho o nome de Neverland, Terra do Nunca, inspirado na ilha fictícia de Peter Pan. O romance, a novela e o conto são classificados como literatura de ficção. Também se diz apenas ficção. Sinônimo de ficcionismo. Familiarmente se diz irrealidade: “Sonhador, tudo quanto diz é literatura”. A ficção científica, que pode vir a ser confirmada pela realidade, decorre do desenvolvimento cientifico já alcançado e de situações decorrentes de tal desenvolvimento no espaço e ao longo do tempo.

Fruto da imaginação, a fantasia não corresponde à realidade. Imita a realidade. Vestimenta usada no carnaval e em alguns festejos representam palhaços, tipos populares, figuras mitológicas. Rasgar a fantasia significa, simbolicamente, tirar a máscara, mostrar a verdadeira face da personalidade. Quando a gente sai em êxtase de um concerto ou de um bom filme, às vezes leva um tempo para cair na real. Metafísica ilusionista? Para Platão, deve existir outro mundo, inteligível, “topos noetós”, em grego, que faz deste sua sombra.

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