Mudou o conceito de belo?

Vovó Isa não tinha mais o que inventar para distrair nossa netinha de quatro anos. Aí, então, inventou mais um teatrinho: O Sol e a Lua. Elisa escolheu ser o Sol. Enquanto cada uma improvisava coreografia e texto, ensaio valendo como interpretação, fiquei pensando nesse fenômeno de todo dia, de toda noite. Do dia e da noite, de noite e de dia. Todo dia renasce o Astro Rei. Não apenas no seu dia, Sontag, Sunday...

Fez-se tarde. Fez-se manhã. Primeiro dia da criação. Exista a luz. “Fiat lux.” A luz era boa e bela. Foi separada das trevas. A luz, “dia”; as trevas, “noite”. O dia, para os egípcios, começava pelo ocaso; para os persas, com o nascer do Sol; para os atenienses, a partir da sexta hora do dia; segundo os romanos, à meia noite. Hora do galicínio, galicanto, hora matutina em que os galos cantam. Antes que o galo cante três vezes, tu me negarás, disse Jesus a Pedro. E assim se deu. O que de melhor que a luz? Então, seja luz! Vós sois a luz do mundo. “Licht, mehr Licht”, Luz, mais luz, últimas palavras atribuídas a Goethe. O mito da caverna de Platão só admitia claridade fora da caverna.

Zênite significa auge, apogeu, culminância, píncaros do Sol em direção aos recôncavos do horizonte. Sol a pino. Nadir é o ponto diametralmente oposto do zênite. Plenilúnio é quando a Lua está com a bola cheia, com a bola toda. No município de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, existe o Vale do Sol e, nele, a rua Zênite.

Luís XIV, rei da França, no século XVII, foi apelidado de Rei Sol. Seu emblema, naturalmente, o Sol. O Sol nasce. É dia. O Sol desaparece. É noite. Quando então o Astro Rei cede espaço à Lua, rainha da noite. Quanto romantismo, quanta doçura, quanta poesia já rolou em torno da lua de mel! Entanto, até isso: “Lua, ó Lua, querem te passar pra trás”. Mais essa: “Querem te roubar a paz”. O romantismo, esse, será que continua? Mudou a Lua ou mudamos nós? Ainda gosto dela, digo, da Lua...

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