Moradores de área violenta em Divinópolis se unem e protestam por paz

 

Gisele Souto

O Alto São João de Deus, conhecido como “Lajinha”, é conhecido em Divinópolis por ser uma área muito violenta. O local é constantemente alvo de operações das polícias Militar e Civil, especialmente a PM, que realiza ainda ações preventivas e repressivas. Dezenas de ocorrências são registradas, envolvendo, principalmente, tráfico de drogas, mas já foram registrados crimes muitos mais graves, como homicídios. Um dos últimos marcou para sempre a família da técnica em enfermagem Roseli Maria da Silva. Ela, que enfrentou sérios problemas com o irmão, já morto, sofre agora com a morte brutal e precoce do sobrinho no mês passado. O jovem Pablo Henrique Pereira, 21 anos, foi alvejado com três tiros na segunda-feira de Carnaval à noite e morreu dias depois no CTI do Hospital São João de Deus.

O ato

A tarde de ontem foi dia de novo ato pela paz. Ação que se repete desde a morte de Pablo Henrique, que completou um mês ontem. Participam cerca de 50 pessoas da comunidade sem distinção de crença. 

— Com a morte do meu sobrinho, a minha forma de pedir justiça foi contrária. Ao invés de pedir aos homens, optei pela “Justiça Divina”.  Não posso mudar o mundo, mas, sim, o meio onde vivo — enfatiza Roseli.

Segundo a tia, o clima no local estava muito pesado, com pessoas revoltadas querendo fazer justiça com as próprias mãos. Diz que, mesmo estando com o coração dilacerado, encontrou forças para reagir de forma diferente.

— Tudo dependia de mim naquele momento. Convidei os vizinhos, demos as mãos e decidimos que iríamos mudar a realidade deste lugar, fazendo com que ele seja um local de referência, “com o antes e o depois”. Vamos fazer da morte dele uma oportunidade para mudar a realidade daqui por meio da “Justiça Divina” — completou.

O crime

A tentativa de homicídio foi na rua Niquelina, no Alto São João de Deus (local conhecido como Beco da Acccom), na noite de segunda-feira, 12, de Carnaval.

Os tiros atingiram o jovem nas costas, no abdômen e do tórax. Segundo a Polícia Militar, a vítima não quis passar informações sobre os autores nem o motivo do crime. Afirmou apenas que foram “os meninos do beco”. Treze dias depois, ele morreu no CTI.

 

 

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