Meio milhão

Preto no Branco 

Passando por algumas ruas de Divinópolis, se constata que centenas de pessoas estão surfando na onda de que a covid-19 não apresenta mais riscos. Em alguns bares, por exemplo, são dezenas de clientes amontoados e sem nenhuma proteção. No entanto, essa falta de responsabilidade e consciência é percebida em outros locais, como nas ruas e outros estabelecimentos, como se o vírus tivesse desaparecido. Porém esses desavisados precisam saber que a situação ainda é muito preocupante. Para se ter uma ideia, Minas Gerais pode ter quase 13 mil novas mortes em decorrência da doença e mais de meio milhão de casos da doença ainda neste ano. A projeção é feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com base em dados do Ministério da Saúde e nos registros de mortes dos cartórios do estado. Será que é isso que essas pessoas querem? Será preciso perder alguém da família para enxergar o perigo? Vale a pena a reflexão. 

Como evitar?

Não há dúvidas que esta  situação caótica pode ser pelo menos amenizada. E o melhor, depende apenas de cada um de nós, adotando as medidas de proteção. Não custa nada deixar de ser individualista pelo menos uma vez nada vida. O egoísmo, cada dia mais presente na vida das pessoas, está sucumbindo a humanidade. E, infelizmente, se assim continuar, pandemias como a do coronavírus é o mínimo que se verá com frequência mundo afora. Por aqui, na nossa terra, Minas Gerais atingiu, até a última terça-feira, 9.804 mortes por covid-19 e quase 400 mil casos da doença. São vidas perdidas demais, sofrimento demasiado dos parentes para se dar tão pouca importância.

Embaixo e em cima 

A falta de responsabilidade é de todos os lados. Enquanto a população afrouxa na prevenção, o governo federal, que deveria estar lá ponta da pirâmide do bom exemplo, deixa ainda mais a desejar. Essa parcela da população que está “pedindo para se contaminar”, vê uma quantidade gigantesca de testes estocados e que nem sequer foi enviado para os estados. São 7,1 milhões de exames guardados em um armazém do Ministério da Saúde (MS). Isso significa que não foram utilizados pelo SUS em plena pandemia. E o mais grave: do total estocado, 96% estão próximos de perder a validade. A explicação do ministério é que os exames são entregues conforme demandas de estados e municípios. Isso é de praxe e todo mundo sabe. Mas  se sabe também que, em muitos estados, os números voltaram a subir e estão custando a sair da cor vermelha, que é de alta contaminação. Eles teriam testes suficientes? Se não, é uma prova clara mais uma vez de desperdício do dinheiro público. E, só para lembrar, o RT-PCR é um dos exames mais eficazes para diagnosticar a covid-19, além de ser importante ferramenta de controle da pandemia. A não ser que alguém esteja querendo ocultar os dados. O que não seria nenhuma surpresa.      

Deputados infectados 

 No quesito prevenir, nunca é demais. Tem pessoas que parecem até paranoicas, mas elas que estão certas. Um exemplo disso é o número de confirmações na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Mesmo tomando todas as medidas necessárias, a Casa já registrou, desde o início da pandemia, 70 confirmações. E olha que todos trabalharam, durante a maior parte do tempo, de forma remota. Dos 77 deputados, pelo menos 13 testaram positivo até o momento. Os últimos parlamentares a testarem positivo foram Agostinho Patrus (PV) e Marquinho Lemos (PT). As medidas preventivas foram reforçadas pela ALMG, tendo em vista a ampliação das atividades presenciais e o aumento dos casos. Se seguindo as normas está assim, imagine quando a coisa corre frouxa. 

Cresce a procura 

E o resultado da falta de cuidados básicos que deixam a desejar desde o início outubro é a disparada pela procura por testes rápidos de covid-19 nas farmácias do Brasil.  O crescimento, conforme a Abrafarma, entidade que representa as maiores redes de farmácias do país, é significativo. Só na primeira quinzena deste mês, como mostra um gráfico da entidade, já foram feitos mais de 62 mil testes rápidos, o que corresponde ao mesmo número de testes realizados entre o fim de julho e começo de agosto, quando o país enfrentava o pico da doença. Com a semana de Black Friday e o pensamento voltado para os presentes de Natal, o alerta deve ser ligado. A não ser que ninguém se importe que 2021 comece como terminará 2020. Aí já é questão de escolha.

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