Mais popular

Carlos Brickmann

 

Forte…

Apesar de toda a campanha desencadeada contra ele, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, continua sendo a figura mais popular do Governo. Tem quase o dobro da popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Neste momento, este é seu único trunfo: o apoio do eleitorado. Pois até agora o Governo não se mexeu para ajudá-lo a aprovar uma sequer das medidas que propôs. Talvez ser mais popular do que Bolsonaro lhe custe este preço.

… mas fraco…

Bolsonaro prometeu-lhe o Coaf, que monitora a movimentação de recursos no país. A Câmara Federal rejeitou a mudança (sem que nenhum participante do Governo se movesse) e, diante da possibilidade de que o Senado revertesse a decisão dos deputados, Bolsonaro resolveu deixar tudo por isso mesmo – e prometeu a Moro que Roberto Leonel, indicado por ele para a presidência do Coaf, continuaria no cargo. O Coaf ficaria na Economia mas Paulo Guedes seguiria a política de Guedes.

…e encolhendo

Agora, Guedes e Bolsonaro querem livrar-se da promessa. E Bolsonaro fala em passar o Coaf para o Banco Central, “exclusivamente técnico”. Bolsonaro quer a cabeça de Leonel, que protestou contra a decisão do ministro Tóffoli de cortar a ligação do Coaf com o Ministério Público e a Receita – decisão que livrou Flávio Bolsonaro (PSL), o filho 01, de incômodas investigações.

Moro também teve de concordar com Bolsonaro, que o mandou deixar o projeto anticrime em banho-maria até que seja aprovada a reforma tributária. Em resumo, Moro tem força entre os eleitores, mas não tem força alguma no Governo. Como um bifinho, encolhe quando frito.

A vida como ela é

Frase do presidente Bolsonaro sobre Sérgio Moro: “Eu sou técnico de um time de futebol, e ele é um jogador. Jogador conversa comigo, dá sugestão”. Mas fez questão de dizer que se aconselha com Moro. Agora só falta descobrir se Bolsonaro disse isso para elogiar Moro ou criticá-lo.

O fato

Como dizia Millôr Fernandes, um sábio, “livre-pensar é só pensar”. Pois pensemos: os quatro maiores bancos do país tiveram R$ 20,4 bilhões de lucro, o maior valor já amealhado num primeiro trimestre. Isso pode, talvez, nos ajudar a entender alguma coisa.

Onde estamos?

Dois fatos ocorridos em São Paulo mostram que a democracia está sendo solapada – no mínimo, já está com o cartão amarelo.

Primeiro: a Polícia Militar (PM) paulista invadiu uma reunião de membros do PSOL, pediu a identificação dos participantes e informou que estava monitorando suas atividades. Não havia acusação nenhuma, nem perturbação da ordem, nada que pudesse dar motivo à intervenção da PM.

Segundo: no estádio do Corinthians em Itaquera, SP, um torcedor estava gritando contra o presidente Bolsonaro e foi preso. Não bateu em ninguém, não ameaçou ninguém, só manifestou sua opinião. Este colunista não tem nada a favor dos alvos do arbítrio: só iria a uma reunião do PSOL para fazer reportagem e acha que o objetivo de ir ao estádio é torcer pelo seu time e ver o jogo. A política partidária deve ficar de fora. Mas todos exerciam seus direitos constitucionais. Por que a PM os incomodou? Falar mal do presidente virou crime? Com a palavra o governador João Doria (PSDB).

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Carlos Brickamann é o editor responsável pelo site chumbo Gordo

www.chumbogordo.com.br)

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