Madrugada
A madrugada é fria e bela. Sou arrebatado ao seu encontro e para trás deixo o barco que me conduziria ao nada. Ouço uma canção sublime que inunda meu coração, transbordando-se em rios, cujas águas, cristalinas, buscam o rejuvenescimento celular e a paz jamais sentida. Encontro pássaros que cantam, acompanhando o trajeto da alma em estado primaveril.
Não conheço stress, pois estou longe dos gritos sem razão e meu corpo é um cálice, um cálice apenas, composto de perfumes do oriente. O bálsamo suave do famosíssimo Pleasures - Estée Lauder, contendo odores de rosas, jasmins, violetas e peônias, se apresenta na grande festa solitária, onde eu só posso ser feliz, desconhecendo totalmente os ácidos da maldade humana.
Me acompanha nessa jornada a alegria indizível do esquecimento do passado. Penso em um lago, onde tudo é azul e os peixes nunca morrem...
Alguém se candidata a deixar o mundo e seus algozes, e passear na madrugada. Somente atende ao apelo do amor quem foi lapidado para ser correspondido.
Ainda é madrugada! Pego a pena para regozijar escrevendo, sob a luz do luar:
O sol não tarda a vir e todos verão meu sorriso triunfar.
Onde uivavam os lobos, elogios incandescentes construirão seus ninhos...
Nos jornais, explodirão manchetes gritando que venci.
Mulheres felizes dirão: falamos que os fogos de artifícios comemorariam.
Doce esquecimento dos males de outrora e os olhos fitos.
Na queda das muralhas.
Águas vivas, Deus oferece a quem quiser.