Lidere como uma mulher

Lidere como uma mulher

A necessidade e a viabilização da participação feminina na política

Quando o assunto é participação feminina na política, estamos tratando de uma luta de séculos. No Brasil uma de nossas primeiras grandes conquistas foi a instituição do direito de voto da mulher, em 1932. Hoje, décadas após essa vitória, nós, mulheres, somos a maioria dos eleitores no Brasil, o que mostra uma evolução na participação das mulheres como cidadãs.

Porém a ocupação de cargos públicos por mulheres envolvidas na política ainda é baixa. Segundo o ranking da União Interparlamentar (IPU), estamos na 156ª posição de participação política feminina, sendo uma lista de 190 países. Pensando na situação de nosso estado, Minas Gerais, em 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)  divulgou que Minas é o oitavo estado com a menor representatividade das mulheres na política, apenas 8,9% das mulheres ocupam cadeiras no Congresso Nacional. De 53 deputados federais, apenas 4 são mulheres e somente 10 mulheres são deputadas estaduais de 77 cadeiras.

Fora da política, as condições de trabalho e a hierarquia nas instituições ainda desfavorecem as mulheres em relação aos seus colegas do sexo oposto.  De acordo com o IBGE, as mulheres brasileiras infelizmente ganham uma média de 79,5% do salário que os homens ganham para a mesma função. Os cargos de liderança ainda são exercidos, na maioria dos setores, por homens, mesmo em profissões tidas como historicamente femininas.

Para mudar esta realidade é essencial viabilizar e amparar a participação feminina na esfera pública, ao oferecer subsídios práticos e teóricos para atuações em diferentes instâncias. Precisamos capacitar nossas lideranças, assim, geramos impactos positivos na sociedade.

 

Habilidades de uma líder apta

De acordo com Sofia Esteves, uma brasileira que é autoridade no tema de recursos humanos, uma boa líder precisa estimular a colaboração entre o time e criar um ambiente de confiança para críticas e opiniões, reconhecer em público as conquistas da equipe e das pessoas que se destacarem, saber motivar e engajar as pessoas equilibrando as doses de pressão por resultados e buscando a melhor produtividade da equipe sem esgotá-la e ser capaz de se adaptar às mudanças, sendo flexível para mudar os rumos quantas vezes for necessário.

Como liderança é fundamental a sua capacidade de execução e de se responsabilizar por suas ações, entendendo que não faz sentido ficar buscando culpados quando algo não dá certo, é preciso ter senso de responsabilidade e não delegar a fatores externos o papel de garantir que as coisas deem certo. 

 

Existe um conceito na psicologia que explica isso, o chamado locus de controle, que mostra como a pessoa administra e reage a situações da vida. Funciona da seguinte forma: quem possui o locus externo de controle busca respostas do lado de fora, essas pessoas reagem aos resultados de acordo com fatores que não são controláveis. Nesse caso, a pessoa se vê como a coadjuvante da sua história e tem um pensamento e estilo de vida “mais fixo”, é avessa a riscos, é mais conservadora, menos flexível e ousada. Essas pessoas tendem a ficar mais nas suas zonas de conforto.

As pessoas com locus internos de controle fazem acontecer e lideram mais diante das situações difíceis da vida, assumindo para si as responsabilidades. Caso algo esteja errado, costumam pensar: “O que devo fazer para mudar essa situação? O que está sob meu alcance para melhorar essa realidade? O que eu posso ter feito de errado?”. Um locus de controle interno amplia o protagonismo, a capacidade executora e o sentimento de dono diante da vida e dos projetos, e, nesse caso, amplifica o potencial de liderança.

No locus interno de controle existem três dimensões fundamentais que, quando equilibradas, tornam a liderança mais efetiva e qualificada. São elas: dimensão gestora, ligada à capacidade de obter resultados específicos de sua área de competência, por meio de aplicações de conhecimentos de administração e gestão; dimensão educadora, ligada à capacidade de liderança da equipe, criando ambiente produtivo e motivador por meio de processos contínuos   de educação, desenvolvimento e treinamento; e dimensão transformadora, ligada à capacidade de influenciar o ambiente interno e externo da organização, visando a transformá-los continuamente.

Com a capacitação de mulheres líderes, muito mais que a viabilização para novas lideranças e para a representatividade feminina, nós asseguramos a qualificação de nossos líderes.

 

*Laiz Soares é formada em relações internacionais pela PUC Minas e pela Essca na França. Atuou liderando equipes e projetos no setor privado, em ONGs e no Congresso Nacional. Idealizadora da Escola de Líderes.



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