Liberdade interior

Elismar Alves

 

Continuando analisando os trabalhos de Hércules, hoje falarei sobre o quarto trabalho de Hércules que foi o de capturar a “corsa de Cerinia”.

Essa Corsa, segundo o poeta grego Calímaco (310 a.C), no Hino a Artemis, era uma das cinco que Ártemis encontrou no monte Liceu. Na mitologia grega Ártemis está relacionada com a vida selvagem e à caça. Quatro destas corsas, Ártemis utilizou no seu carro e uma quinta, a poderosa Hera, deusa da Maternidade, utilizou-a nos seus intentos contra Hércules.

 Essa corsa tinha os pés de bronze e os cornos de ouro. Trazia a marca do sagrado e, portanto, não podia ser morta. O Herói Hércules deveria levá-la viva ao Rei.

Era um animal muito veloz e pesava mais que um touro. Durante todo um ano, Hércules a perseguiu pelas montanhas, por desfiladeiros e rios, seguindo-a por vales e planície. Até que na travessia de um rio, Hércules arremeteu certeiramente sua flecha nas suas pernas. A corsa não ficou muito machucada e não foi derramada uma só gota de sangue, mas não conseguiu se mover.

Podemos relacionar este ponto com a libertação interior do Herói. A corsa de cornos de ouro e pés de bronze e que tendo chegado ao norte, ao céu eternamente azul significa a busca da sabedoria tão difícil de conseguir.

Os pés de bronze significam que isola o animal do mundo profano, uma vez que o bronze tem esta propriedade.

Para o psicólogo Francês de origem austríaco Paul Diel (1893), dentre os seus livros sobre Mitologia Grega vai mais longe quando diz: “A corsa, como o cordeiro, simboliza uma qualidade do espírito, que se contrapõe à agressividade dominadora. Os pés de bronze, quando aplicados à sublimidade, configuram a força da alma. A imagem traduz a paciência e o esforço na consecução da delicadeza e da sensibilidade sublime, especificando, igualmente que essa sensibilidade representada pela corsa, embora se oponha à violência, possui uma vigor capaz de preservá-la de toda fraqueza espiritual.”

Ou seja, poderemos extrair desta pequena reflexão, que nosso espírito é penetrante, mas sem violência, é sublime, mas representa a força da nossa alma. Precisaremos de paciência e esforço, conjugados com delicadeza e sensibilidade, e isto tudo nos ajudará a preservar nossa alma de toda fraqueza espiritual.

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