Lá vêm elas de novo

Sai ano e entra ano, e aquele velho ditado: “Gente boba e estrada velha não acaba”, faz cada vez mais sentido. Em 2018, mais precisamente durante as eleições, nunca ouviu-se falar tanto sobre “fake news”, que significa “notícias falsas”. O Brasil teve uma eleição baseada nelas, mas a coisa não começou em agosto, muito lá atrás. Vira e mexe, os noticiários tem que produzir matérias apenas para desmentir as “notícias falsas”, que circulavam nas redes sociais. Informações essas que na maioria vezes não faz sentido algum, mas mesmo assim, tem gente que acredita, compartilha o conteúdo como se fosse verdade.

Quem não se lembra das filas quilométricas formadas nos postos de combustíveis durante a greve dos caminhoneiros, no final de maio do ano passado, causadas justamente pelas “fake news”? A população foi tomada pelo pânico, correu para os postos, lotavam o tanque de seus veículos, e o resultado não foi outro: o combustível acabou em vários postos do país. De maio a agosto foi um pulo e nunca se viu tantas notícias falsas circulando nas redes sociais, como nas eleições 2018. Por mais grotesca que a notícia fosse e surreal, era compartilhada mesmo assim, e ganhava uma força descomunal.

Em meio às notícias falsas das eleições, houve mais uma vez filas quilométricas formadas em postos de combustíveis, causadas mais uma vez pelas fakes, que davam como certa uma nova greve dos caminhoneiros e, consequentemente, a escassez de combustíveis. Em pleno domingo de primavera, parte da população preferiu passar o dia na fila do posto de combustíveis, a checar a fonte de onde aquele conteúdo havia partido. Desde o “boom” da internet, o bom jornalismo nunca lutou tanto para se manter de pé. E a briga não é só com a notícia instantânea e as fake news, a briga é com a ignorância do povo brasileiro, que não sabe sequer questionar a fonte de onde vieram as informações.

E, apesar de o assunto ter sido discutido incansavelmente no ano passado, ao que tudo indica, a discussão se arrastará por muitos e muitos anos, até que o povo aprenda a consumir notícias na internet. O novo ano mal começou, e o brasileiro já está passando aquela vergonha básica, e por causa de quem? Delas! As “fake news”. No segundo dia de 2019, quarta-feira, 2, primeiro dia útil do ano, e o povo compartilhou a rodo a notícia que o pagamento do seguro DPVAT, no valor de R$ 16,21 valeria apenas para aquele dia. Que a partir de quinta-feira, 3, o valor iria para R$ 96.

Pronto! O estrago estava feito. Uma pequena notícia partindo de sabe-se lá quem, foi o suficiente para que o site do Detran/MG travasse, devido ao alto número de gente tentando imprimir a guia para pagamento. Porém, o que mais chama a atenção, é que a tabela de pagamento onde informava que o valor de R$ 16,21, poderia ser pago sem nenhum acréscimo, até o dia do vencimento da primeira parcela do IPVA, estava disponível no próprio site do Detran. A situação é desanimadora, e nos faz questionar onde está o erro. Na educação? Na cultura? Na falta de incentivo à leitura?

Mas, novamente o velho ditado é certeiro: “gente boba e estrada velha...”

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