Interesses eleitoreiros

Divinópolis assistiu, na última quinta-feira, 12, a uma reunião ordinária na Câmara no mínimo desrespeitosa com o seu povo. Pela milésima vez, os parlamentares se atacaram e o resultado foi dois vereadores hospitalizados. A situação no Poder Legislativo está crítica e não é de hoje. Tudo vira drama e é motivo de novela na chamada “Casa do Povo”. A tão sonhada e pedida renovação aconteceu, mas o resultado, faltando pouco mais de um ano para o fim dos mandatos, ainda não apareceu. Um verdadeiro show de horrores. O papel de representar o povo é limitado às redes sociais, às curtidas e aos compartilhamentos. Enquanto Divinópolis afunda, são os espetáculos que sobressaem. Até um ou outro tenta argumentar, mostrar algum favorecimento à população, mas esbarra em uma filosofia que não tem nada de filósofo ou em interesses próprios do restante. A história dos R$ 40 milhões é mais ou menos assim. Em 2017, o então governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), começou a fazer o confisco, que nada mais era do que reter para o Estado recursos que, por lei, pertenciam aos municípios. A situação chegou ao extremo em 2018, quando, além de segurar o dinheiro, o governador começou a não arcar com a parte do Estado em despesas que eram de sua responsabilidade, como o repasse da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto. Para que a Unidade não fechasse as portas, não sobrou alternativa para Galileu Machado (MDB) senão arcar com a parte do Estado – isso para garantir o mínimo do atendimento – e foi assim durante 2018 e janeiro de 2019, no primeiro mês de gestão de Romeu Zema (Novo). A situação não foi exclusiva de Divinópolis, outras cidades também estavam no mesmo barco.
 
Para tentar amenizar, foi aprovado pelos deputados, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Projeto de Lei 636/2019, que autoriza os municípios a realizarem operações de crédito para tentar reequilibrar as finanças após o atraso de transferências obrigatórias. Era a luz no fim do túnel. Afinal, os prefeitos ficaram de mãos e pés atados, diante da postura do Governo do Estado no ano passado, e não puderam investir nem um centavo sequer em obras. Trabalhavam a finco para manter a máquina funcionando, nem que fosse aos trancos e barrancos. Zema entrou e prometeu pagar a dívida bilionária que o Executivo tem com os municípios em 30 meses, começando só em 2020. Então, a “ajuda” seria os empréstimos, com o aval da União.

Cidades como Santo Antônio do Monte também utilizaram o recurso. Os vereadores aprovaram recentemente um projeto de lei que autorizava o prefeito Dinho do Braz a fazer um empréstimo de R$ 13 milhões. O mais interessante nisso tudo é que não teve choradeira, gritos, berros e desmaios na sessão em que a proposta foi pautada e aprovada. A pergunta é: por que em Divinópolis um simples empréstimo vira novela mexicana? Por que a cidade não pode ser beneficiada assim como as outras? Por que os vereadores não se preocupam mais com o povo e menos com os interesses eleitoreiros? Tá chato, feio e dá muito na cara já!
 
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