Início do fim

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), candidato à Presidência da República participou nesta terça-feira, 28, de uma entrevista no Jornal Nacional, assim como Ciro Gomes (PDT) participou, e outros candidatos irão. A participação do deputado federal tomou conta das redes sociais nessa quarta-feira, 29, e trouxe à tona aquilo que assola o Brasil há décadas: a busca pelo herói. Bolsonaro adotou um discurso simples, direto, forte e objetivo. Pegou uma pauta sensível – a criminalidade no Brasil – a trabalha há um bom tempo, e bingo, conseguiu o que queria: notoriedade. O presidenciável trabalhou muito bem dois fatores: um povo cansado do aumento dos crimes, à procura de uma solução rápida, e a promessa de ser o salvador da pátria. Virou o mito.

Mais que eleitores, esta parcela da população é fã de Bolsonaro, e o defende com unhas e dentes, não importe o que ele fale. O candidato pode falar que é justo mulher ganhar menos do que homem, porque engravida, que seus eleitores irão defendê-lo com unhas e dentes, até mesmo mulheres. O presidenciável pode falar que a sociedade não gosta de gays, que apenas os tolera, que seus eleitores irão defendê-los, até aqueles que são homoafetivos. Ele pode falar que nunca existiu escravidão no Brasil, que seus fãs vão sentar, aplaudir, defendê-lo. A verdade é que Jair Messias Bolsonaro fala mais de quem o apoia, do que dele mesmo. Bolsonaro é resultado da descrença dos brasileiros com a velha rixa “direita e esquerda”. Desde as eleições de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Brasil ficou oito anos nas mãos dos tucanos. Em 2002 foi a vez do PT assumir o tão sonhado poder, com a eleição de Lula. O petista deixou a Presidência em 2010, quando passou a faixa para Dilma Rousseff, que governou por mais seis anos.

Desde 1989, quando Fernando Collor foi eleito presidente, após 21 anos de ditadura, o brasileiro procura um herói. Collor era o caçador de marajós, não salvou o Brasil da pobreza, da criminalidade, e da corrupção. Cardoso prometeu estabilidade na economia. Governou para os ricos e também não salvou o Brasil da pobreza, da criminalidade, e da corrupção. Lula falou diretamente com o pobre. Trabalhou uma pauta sensível. Disse para o pobre que ele poderia ter casa, carro e acesso ao ensino superior. Mas, não salvou o Brasil da pobreza, da criminalidade, e da corrupção. A continuidade do PT no poder, era só o brasileiro querendo mais uma vez um herói que o tirasse da pobreza, diminuísse a criminalidade e acabasse com a corrupção. Porém, mais uma vez os representantes do povo falharam nesta missão. E da desilusão deste círculo vicioso surgiram os eleitores de Jair Bolsonaro, a sobra da direita e da esquerda.

O presidenciável encontra então uma população ansiosa, traz um discurso forte, firme, e toca nas emoções naturais de seus eleitores. Perdidos em seus anseios, e em suas paixões, seus eleitores se tornaram fãs. Destilam ódio para todos os lados, e só mostram que o Brasil está no início do fim.

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