Homem usa idosa para fraudar registros de armas, afirma PF

Sentença, em caso de condenação, varia de 3 a 9 anos de prisão

Rafael Camargos 
 
Um homem de 54 anos foi indiciado pela Polícia Federal em Divinópolis na última quinta-feira, 19, depois de tentar usar a mãe, uma idosa de 80 anos para conseguir o registro de armas para defesa pessoal. Ele já tinha duas armas documentadas, um revólver calibre 38 e uma carabina 22, e havia solicitado o registro de mais duas, uma espingarda calibre 12, e uma pistola calibre 380, porém lhe foi negado. Foi quando ele pensou em uma alternativa e usou a mãe como ponte para o crime. Participaram da fraude com ele: um despachante, um atirador e uma psicóloga. Estes foram indiciados pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, e uso de documentos falsos.  

De acordo com o delegado Benício Cabral, quando o caso chegou para análise de liberação, o agente estranhou o fato de uma senhora de 78 anos (na época), aposentada, viúva, que nunca mexeu com arma solicitar duas para a defesa pessoal. Foi aí que se deu início às investigações, quando a documentação chegou às mãos do delegado, ele estranhou o fato de uma senhora, ter acertado 100% em uma prova de tiro, ter passado no psicotécnico; por isso, ele encaminhou um ofício ao instrutor, que confirmou o fato.  

— Mandei o ofício para o instrutor de tiro, que é de Uberaba, mas teoricamente a prova teria sido realizada aqui em Divinópolis, então questionei se ela tirou 100% na prova, e para minha surpresa ele confirmou.  Pedi para vir à delegacia, e ele alegou que não viria porque era de Uberaba. Fez um advogado escrever diversos documentos com citações jurídicas, aí comecei a questionar aos envolvidos e detalhes dos crimes, todos deram versões diferentes para a mesma história — contou. 
O delegado afirma que enviou um ofício para os outros envolvidos  

— Mandei um ofício para a psicóloga em Belo Horizonte e ela não me respondeu, mandei novamente e nada, reiterei e não tive resposta, com isso, mandei interrogar. O despachante compareceu à delegacia, e quando foi questionado, negou todos os fatos, disse que não sabia de nada, questionei o fato de a usuária da arma ser uma idosa e ele disse que não queria saber se a mulher era idosa ou não. — explicou. 

Versão do acusado  

Segundo o delegado, a mãe do homem foi chamada à delegacia e compareceu com um advogado. Lá ela negou a solicitação e, quando perguntada sobre a veracidade dos documentos, informou que o filho havia pedido para ela assinar alguns documentos e que ele havia dito que estava resolvendo um problema com as armas. Na delegacia, o filho negou e disse que a mãe era portadora de Alzheimer.  

— Ele entregou um documento alegando que a mãe tinha mal de Alzheimer, simulou a entrega de armas para mãe e montou todo o esquema com a ajuda do despachante. Simulou a transferência, doação para a mãe para ele poder adquirir as armas novas e, quando uma pessoa vai receber as armas, tem de preencher todas as legalidades — explicou. 

Os envolvidos são: o filho de 54 anos, o despachante de 54, a psicóloga de 39 foram indiciados pela Polícia Federal e encaminhados ao Ministério Público Federal. A sentença, caso condenados, varia de 3 a 9 anos de prisão.

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