Há tempo

Editorial - Há tempo 

Os dados epidemiológicos da covid-19, divulgados pela Prefeitura de Divinópolis na última semana, colocaram a cidade em alerta. Apesar de o município se manter na onda verde do programa Minas Consciente, é possível que volte à onda amarela na próxima semana caso os indicadores não melhorem. Apesar da vacinação contra a doença ter ganhado fôlego nos últimos meses e o ritmo ter acelerado, apenas a imunização não é suficiente para controlar a pandemia. É fato que a piora dos indicadores, que colocam Divinópolis na “berlinda”, está diretamente ligada ao comportamento da população, que relaxou com os cuidados. 

Os índices atuais mostram que o ditado “nada é tão ruim que não possa piorar” se aplica ao cenário enfrentado. Além da possibilidade de a cidade regressar para a onda amarela, e mais restrições serem impostas, os divinopolitanos precisam se preocupar também com a variante delta. Especialistas estimam o aumento de casos para as próximas semanas ao observarem o comportamento de países que foram tomados pela variante, mesmo com uma taxa de vacinação melhor do que o Brasil – como Reino Unido e Israel. O momento é de apreensão e as expectativas não são as melhores. 

E, antes que alguém diga que o alerta é terrorismo ou sensacionalismo, basta ler os noticiários do mundo para ver como a situação é preocupante. Não querer ver e negar a realidade trará apenas tristeza e mais dor. Apesar da vacinação, pessoas continuam morrendo por covid-19; pessoas continuam se contaminando com a doença. O secretário municipal de Saúde, Alan Rodrigo, fez um alerta ontem e, mais uma vez, a “bola” está nas mãos da população. De acordo com Alan “as pessoas estão transmitindo muito e em velocidade rápida”. Exatamente por isso o uso da máscara, do álcool em gel e o distanciamento social – apesar de tudo estar permitido – nunca se fez tão importante quanto agora. 

Mais uma vez, a população é tão responsável quanto os agentes públicos por controlar a situação. Apesar da flexibilização, se manter responsável e comedido neste momento será determinante para o possível cenário que estamos fadados a enfrentar nas próximas semanas. As previsões não são as melhores e, se alguém pode mudar isso, é o povo. A infectologista do laboratório Hermes Pardini, Melissa Valentini, afirma que o aumento de casos é provável em Minas, mas não é possível afirmar ainda se isso vai se refletir em mais internações ou mortes. A grande pergunta é: quem vai pagar para ver?

No momento em que uma pessoa precisa de um leito, de um respirador, não há dinheiro neste mundo que possa salvá-lo. A partir dali, está “entregue à própria sorte”. E, para que seres humanos não paguem alto essa conta, é preciso agir enquanto ainda há tempo de reverter uma iminente calamidade. Talvez ainda seja possível mudar isso e evitar que mais famílias sejam acabadas pela covid-19.

 

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