Feliz 2020?

Prof. Antônio de Oliveira

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Bate outra vez com esperanças o meu coração. Pois já vai terminando mais um ano velho. Minha coleção de anos velhos tá só aumentando... Dou uma de Cartola, volto no tempo com a certeza de que não devo chorar. Nem queixar ou lamentar. Afinal, como as rosas, os anos não falam. 

Que bobagem. Ano não é feliz, nem infeliz, nem desinfeliz. Simplesmente deixa a sua marca no tempo. Contrariando Manuel Bandeira, ando dentro da vida “com” vida dentro de mim. Para mim, ser feliz tem restrição seletiva. Não é o ano que há de ser feliz. Sou eu que hei de ser feliz durante o ano. Sou eu que sonho meus sonhos, fazendo por onde deletar alguns “link-ismos” deletérios: anacronismo, consumismo, egoísmo, exclusivismo, narcisismo, pedantismo, radicalismo, sadomasoquismo, sectarismo... 

Volto ao jardim na companhia de Cartola. Com a certeza de que não devo chorar. Pois bem sei que o tempo não volta. Para mim. Para ninguém. De nada vale queixar-se às rosas. As rosas não falam. Mas tem uma coisa: exalam perfume. Só que, meu caro Cartola, não roubam de ninguém. As rosas são felizes por natureza e exalam perfume porque sonham seus sonhos ao alcance de sua natureza. Mas não têm espinhos? Têm sim. Dizem que toda rosa tem espinho. Mas não espetam a troco de nada. Nem se espetam. 

Depois de passar pelo portal sacrossanto do Natal e pelo portal engalanado do Ano-Novo, não me preocupo nem um pouco com um “2020” feliz. Preocupo-me em ser feliz, em 2020. Não é um mero jogo de palavras. Detalhes podem fazer grandes diferenças. E, no caso, sem servir de espinho para ninguém. Se possível, a exalar um odor sutil de benquerença. Não julgar para não ser julgado. Não criticar para não ser criticado. Perdoar para ser perdoado. Amar para ser amado. 

E se, franciscanamente, mais me for dado alcançar, em 2020, “que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado”. Fazei, ó Mestre!...

 

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