Falsos profetas

Falsos profetas - Laiz Soares

No Brasil, não precisa ser honesto, só basta parecer ser. A lei e o direito existem para serem cumpridos.

O presidente do Brasil não  age na prática contra a corrupção, acabou com a Lava Jato, blindou os filhos na Polícia Federal e na Procuradoria Geral da República (PGR). Mas usa um falso combate à corrupção de bravata para enganar e manipular as massas.

As falas do presidente no dia 7 de setembro foram uma afronta ao equilíbrio de poder na democracia. Há várias formas legítimas de se questionar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive mecanismos legais de melhorar a governança e reduzir o poder individual dos ministros, que, sim, cometem excessos e erros inegáveis. A democracia demanda equilíbrio entre os poderes e há procedimentos legais para se aprimorar o sistema, que não são no  grito nem na ameaça. Há inclusive no Senado um projeto que discute limitar as decisões monocráticas de ministros do STF. 

Os poderes existem para se equilibrar e há previsões institucionais para que se regulem entre si ‒ querer  enquadrar o Supremo no grito é crime. O presidente dizer, como fez no 7 de setembro, que não vai cumprir decisões da Justiça configura crime de responsabilidade, previsto na Constituição e passível de impeachment. O ministro Luiz Fux, diante do ocorrido dia 7, pediu ontem em seu pronunciamento como resposta institucional aos ataques do presidente ao Supremo que os brasileiros tenham atenção aos “falsos profetas do patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o povo contra as suas próprias instituições". 

O presidente do STF reforça ainda que  “todos sabemos que quem promove o discurso do 'nós contra eles' não propaga democracia, mas a política do caos. Povo brasileiro, não caia na tentação das narrativas fáceis e messiânicas, que criam falsos inimigos da nação”, afirmou Fux em seu pronunciamento após as manifestações de 7 de setembro.

Falsos profetas do patriotismo, inimigos da nação! Falsos cristãos que defendem a morte, o ódio, as armas e a perseguição, inimigos reais do verdadeiro Cristo! Falsos moralistas que manipulam a fé e os valores que são importantes para as pessoas, inimigos verdadeiros do futuro das crianças e das famílias brasileiras sem perspectiva, sem estudo, sem trabalho, sem dignidade! 

É importante, em um momento dramático como esse, dar nome aos bois e chamar as coisas pelo correto adjetivo que merecem. Temos muitos desse tipo na nossa política, mas eu vou ressaltar os que mais me preocupam na nossa realidade,  família de novos coronéis da política brasileira: clã Bolsonaro e clã Azevedo, a nova forma de coronelismo, enxada e voto neste país. Os coronéis novos, autoritários, disfarçados de bons moços, manipulam, iludem, enganam usando a boa-fé das pessoas para enriquecer suas famílias se apropriando e procriando nos espaços de poder. 

Sanguessugas patrimonialistas, lobos em pele de cordeiro. Até quando vamos tolerar e ver o povo padecer por isso? O povo padece pela própria ignorância. Fome, desemprego, péssimas perspectivas de estudo e trabalho, mas o que importa é que “somos cristãos e defendemos a família”. 

Esse não é o meu Cristo e nem meu conceito de defesa da família. As famílias estão sofrendo, completamente abandonadas. Bolsonaro vetou projeto que levava internet para as crianças estudarem em casa, só para ilustrar a canalhice. Família, só a deles. Para a deles tudo, para a sua, nada!

 

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