Estado deve R$ 72 milhões para a Saúde da cidade

 Maria Tereza Oliveira 

A crise econômica enfrentada pelos municípios acarreta em inúmeras consequências para quem utiliza serviços públicos, como saúde e educação. De acordo com dados da Prefeitura, a dívida do Estado com Divinópolis já chega a R$ 94 milhões.  

A área da Educação já colhe os amargos frutos dos salários atrasados dos servidores que culminaram na greve geral. Porém, outra área de extrema importância para a cidade também já começou a sofrer as consequências. 

Apenas para a Saúde, o Governo do Estado deve R$ 72 milhões. Com isso, a pasta passa por dificuldades e muitas pessoas temem que o cenário fique semelhante ao da Educação. 

Denúncia 

Agora recebeu a denúncia de uma pessoa do Serviço de Referência em Saúde Mental (Sersam), que preferiu não se identifica, afirmando estar aflita com a situação. A preocupação do denunciante é com a situação dos pacientes do local. 

— Eles precisam de acompanhamento psiquiátrico estão totalmente desamparados — revelou. 

Ela também afirma que o transporte público usado pelos pacientes teria sido cortado para contenção de gastos, além do suposto fechamento da Vigilância Sanitária. 

Outro lado 

A reportagem entrou em contato com a Sersam que negou as denúncias e disse que os atrasos dos repasses não influenciaram no atendimento do órgão. 

Sobre o suposto corte do transporte, o coordenador dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) AD, Juliano Jean, revelou que será feita uma nova licitação que atenda melhor os requisitos do Sersam. 

Sobre a Vigilância Sanitária, Juliano explicou que o problema já é antigo e não tem relação com a crise econômica. 

— Uma parte do prédio está sendo utilizado pelo Desenvolvimento Social há dois anos. O local precisa de reformas e nós já temos R$ 150 mil em caixa, então não é algo que aconteceu devido à crise — esclareceu. 

Ainda de acordo com o coordenador, o impasse que atrasa a reforma é devido o uso do prédio para o desenvolvimento social. 

— Eles foram notificados há um ano e meio, todavia, por não terem outro local para ficar, permanece no prédio da Vigilância — explicou. 

Entenda a crise 

A situação dos municípios é o resultado de uma dívida antiga dos estados com a União, que vem antes do plano real. Com o passar dos anos, embora alguns estados tenham conseguido pagar a dívida, outros se endividaram ainda mais.  

Foi o caso de Minas Gerais que, apesar de ter conseguido renegociar a dívida em 2017, já estava sofrendo com os juros acumulados de anos anteriores. 

Um agravante para a situação foi o aumento da folha de pagamento. De acordo com informações da Secretaria Nacional do Tesouro Nacional (SNTN), 79,18% do orçamento de Minas é consumido com pagamentos de salários.  

A crise econômica fez com que 40% dos municípios mineiros decretassem situação de calamidade financeira por causa dos atrasos dos repasses estaduais. Ao todo, a dívida do Governo do Estado com os municípios é 9,7 bilhões. 

A greve da educação é um reflexo dos problemas. Cerca de 14 mil alunos em Divinópolis estão sem aulas, grande parte, nem sabe se perderão o ano letivo. 

Prefeitura 

À reportagem, a Prefeitura informou que na área da saúde, a falta de repasse afeta os serviços da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Hospital São João de Deus, construção do Hospital Regional e a manutenção da rede de saúde, principalmente os serviços especializados. 

O Executivo também revelou que não consegue realizar execuções relacionadas aos recursos provenientes do Estado. 

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