Escravos voluntários

Israel Leocádio 

Olá! Como vai? Espero que vá bem! Hoje trago, novamente, a proposta de Jesus Cristo para a humanidade: vamos pensar um pouco? Bem, é assim que vejo os ensinamentos do Evangelho. Jesus, considerado homem rude (como eram rotulados aqueles que vinham da região da Galileia), como se vê na afirmação: “pode vir algo bom de Nazaré?”, frase preconceituosa presente naqueles dias, dita sem nenhum constrangimento por Natanael (João 1.46). Porém, aquele homem rude provocava o povo a refletir sobre a vida e o mundo ao seu redor. E, por isso, fez do nazareno uma ameaça aos políticos, religiosos e manipuladores. Todos os discípulos de Jesus tornaram-se verdadeiros formadores de opinião. Seguiam a ideia cristã de que o mundo pode ser transformado pela renovação da mente e do entendimento (Romanos 12.1). Eles não se conformaram com as injustiças, mentiras presentes na sociedade, que comprometiam a vida e a salvação do povo. Acredito que isso tornou-se uma das principais razões para os homens inescrupulosos buscarem a morte de Jesus, bem como de seus discípulos. Porque, quando o povo pensa corretamente, firmado na verdade (que é Deus), isso incomoda. E esse incômodo está relatado na Bíblia, onde se lê: “estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui”.

Esta é a proposta que trago: pensemos melhor. Pensemos com serenidade. Por que esta proposta? Porque estamos bem próximos do dia em que poderemos escolher se desejamos ser libertos da escravidão do Estado ou prisioneiros dele. Isso é o que não podemos negar. Por mais que pareça não ser verdade, nós escolhemos. Escolhemos, por voto, nos manter presos e dependentes de pessoas que acreditam que estão no poder para definir, arbitrariamente, como manterão as pessoas submissas ao seu governo (se é que podemos definir o que se vê como governo. Principalmente, governo para o povo, como pregam alguns). Na realidade, muitos são e agem como os coronéis das grandes plantações de café, que conhecemos na história do Brasil, que recebem títulos diferentes para o exercício do mesmo poder sem ética. São coronéis diplomados e colocados no poder pelo voto, em um processo de manipulação que gostam de chamar de democracia. Os coronéis da modernidade (assim como no passado) mantêm seus capitães do mato sempre dispostos a obedecer seus desmandos e punir os escravos do assistencialismo público que demonstrem qualquer intenção de liberdade. Capatazes, que também aprenderam a arte de aprisionar, manipular e dominar os mais simples. Afirmam (os coronéis no poder) que somos uma nação livre, fato em que divirjo na opinião. Na definição de Aristóteles, “dizemos que um homem é livre quando ele vive para si e não para os outros”. Não há liberdade! Experimente dizer ao politico que compra o voto de muitos que desta vez você não votará nele. Você verá o que vejo nos olhos daqueles que acreditam religiosamente que nunca devem deixar o posto, que a ameaça está bem clara. O silêncio de sua revolta grita alto! Vivemos sob um sistema viciado em oprimir por meio da necessidade. Precisamos de libertação dos campos de concentração da era moderna, agora chamadas de comunidades. O que pergunto, diante de tudo que vejo e sinto, é se as pessoas têm consciência de que a sociedade não necessita de alguma “coisa”, mas de algo real que dure. Os brasileiros vivem em uma realidade das sobras que caem das ricas mesas dos opressores.

O que torna tudo isso interessante é o fato de que tudo é feito em nome da democracia. Alguém saberia me dizer qual a definição de democracia para os políticos brasileiros? Os que afirmam que vivemos em um país democrático referem-se ao direito do voto. O que é algo que também gostaria de saber. Qual é a definição de direito no contexto político-social brasileiro?

Aqui faço uma pausa para citar uma verdade bíblica: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32). A verdade é libertadora. Mas, para que haja libertação, é necessário que se busque conhecer a verdade. Em aspectos espirituais, ninguém pode escapar da condenação, viver no pecado negando a verdade da cruz de Cristo. Em aspectos práticos, ninguém pode negar a verdade dos fatos e acreditar que é livre. 

Onde está a democracia? No voto comprado por uma cesta básica, por um presentinho ou favor. Há democracia no voto determinado como obrigatório por alguém? Com tristeza, não posso deixar de fora os grupos religiosos, que desconhecem a ética e o próprio Evangelho. Tais religiosos apresentam o Evangelho do carregue sua cruz, e se omitem do Evangelho da justiça. Como podem acreditar que mudarão o mundo, se usam as mesmas armas amorais?

É democrático manter o povo escravo de um assistencialismo do Estado, como se o fazer aquilo que se espera é apresentado como favor. Maquiam a cidade em época de eleição; apresentam projetos que ficaram na gaveta durante anos, como se fossem novas ideias; pintam calçadas; asfaltam ruas. O dinheiro que nunca existiu, de repente está ali, disponível. É a mágica do ano das eleições. Enquanto uns usam o assistencialismo, outros querem conquistar o direito de manipulá-lo. Compram votos, fazem promessas. Os que levantam a bandeira da reflexão sobre o modelo totalitarista e manipulador de poder são vendidos, como Jesus, por poucas moedas, mortos e por crucificação pública. Onde está o direito do cidadão? Que direito temos? De entrar em filas ou aguardar agendamento? De pagar o preço pelo erro de nossas escolhas?

Finalizo com um fato histórico. No mundo antigo, quando um escravo fazia a opção de não ser livre, procurava um representante público, que furava sua orelha. Aquele furo dizia: “Eu quero ser escravo de meu senhor”. O que me parece é que os brasileiros decidiram furar suas orelhas. Do que não se dão conta é que o fazem por pouco e pagarão um alto preço por muito tempo. Eu fiz minha opção: não tenho vocação para ser escravo do sistema que dirige este mundo. Pense nisso!

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