Em outro mundo

 No vale a pena ver de novo de ontem na Câmara, o vereador Edson Sousa (MDB) afirmou que se a Prefeitura não pagar o salário dos servidores municipais até o 5º dia útil de abril, ele e Sargento Elton (Patriota vão) vão pedir o afastamento do prefeito Galileu Machado (MDB). Para completar, o terceiro, Ademir Silva (PSD), colocou lenha na fogueira, afirmando que vão pedir, sim, porque o chefe do Executivo não vai cumprir. Esbravejou também afirmando que se tem a lei, ela precisa ser cumprida. Certíssimo. Mas, onde? Nos Estados Unidos, em Portugal ou na Suíça? Porque no Brasil, Ademir, está difícil.

 Bom senso

 Mais sensato e conhecedor da realidade vivida pelo Estado e município, Renato Ferreira (PSDB) chamou atenção para as críticas sem apontar sugestões ou soluções. E é o que marca a maioria dos discursos na Casa. Vale lembrar aos nobres vereadores que o Legislativo é, sim, um poder independente e tem como principal função fiscalizar. Porém, é dever também do Poder ser parceiro do Executivo e buscar soluções para o Município. Ficar só no blá...blá...blá... não levar a lugar nenhum.  Oposição burra, não! Pelo amor de Dadá.

 A pé

 Literalmente. De políticos que nos representem bem, não é segredo para ninguém. A maioria permite se corromper e quem sobra, deixa a desejar. Agora é a vez de a Justiça perder o resto de credibilidade que ainda tinha. Essa gangorra de prende, solta é vergonhosa. Claro, envolvendo gente grande, porque com pobre, que não consegue contar nem com um defensor público, o buraco é bem mais embaixo. Ao soltar os presos pela Polícia Federal, a começar por Michel Temer, muitos honestos, incluindo promotores, juízes, desembargadores e outros, sentiram vergonha da profissão. E os brasileiros, vergonha do País.

 O motivo?

 É, sim, repetitivo se indignar com o motivo e comentá-lo aqui. Mas, duvidoso e lastimável é. O julgamento do habeas corpus de Temer e companhia estava na pauta da sessão de hoje. No entanto, o desembargador federal Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que é relator do caso, se antecipou em sua análise e decisão. Isso, mesmo com os encontros da primeira turma do TRF-2 semanais, compostos por Athié, Paulo Espírito Santo e Abel Gomes, ocorrendo nas quartas-feiras. Mas isso, infelizmente, não é o pior.

 Acusado

 Antonio Athié ficou afastado do cargo durante sete anos, por ter sido alvo de uma ação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sob acusação de estelionato e formação de quadrilha em 2004. Um inquérito contra ele, com as mesmas acusações, foi arquivado em 2008 pelo STJ a pedido do Ministério Público Federal. O órgão alegou não ter encontrado provas a respeito de Athié ter proferido sentenças em conluio com advogados. Ele retomou às atividades em 2011, após decisão do STJ. O habeas corpus encaminhado ao Supremo Tribunal Federal pela defesa de Athié foi acatado em 2013 para trancar a ação contra o desembargador. Desde então, voltou à ativa. Imagine quantas decisões dessas já não foram tomadas. Essa surgiu por se tratar de pessoas conhecidas.

 “Gorjeta”?

 Os votos em colegiado da excelência em questão costumam ser polêmicos. A primeira turma do TRF-2 é responsável pelo julgamento da Operação Pripyat desdobramento da Lava Jato no Rio responsável pelas investigações referentes à Eletronuclear. Athié era relator do processo contra o ex-presidente da companhia Othon Luiz Pinheiro e votou favoravelmente para revogar a prisão preventiva do empresário, determinada pelo juiz Marcelo Bretas. Foi nesta sessão que o desembargador comparou propina a gorjeta.  Responsável por prender grandes políticos envolvidos em corrupção do Rio de Janeiro, Bretas está sempre na mira. Será por quê? Essa nem precisa de Freud para responder.

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