Em ano eleitoral, até cachorro vira motivo de discussão entre vereadores

Alguns querem ficar, outros entrar, mas tudo vira discussões e vídeos

Matheus Augusto

“Graças a Deus que faltam apenas seis meses para a gente não se encontrar mais, porque foi péssima a convivência desta Câmara. Vou para meu terceiro mandato e nunca vi tanta gente ruim reunida no mesmo ambiente. Nunca vi tanta gente má junta”, afirmou Dr. Delano (MDB) na última semana. As discussões entre vereadores fazem parte da rotina da Câmara, mas, em ano eleitoral, as disputas, principalmente com o advento da internet, se intensificam. As datas das eleições municipais caminham para serem alteradas devem ocorrer mesmo em novembro , mas o comportamento político para se manter ou entrar na Câmara segue no mesmo ritmo.

Visitante inusitado

Os corredores voltaram a ser clima de discussão nesta terça-feira, 23, quando o vereador Matheus Costa (CDN), em vídeo divulgado nas redes sociais, acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Kaboja (PSD), de levar um cachorro para o ambiente de trabalho e o deixar trancado, por horas, em uma sala com ar condicionado. 

— O presidente da Câmara, em vez de dar exemplo, traz o cachorro aqui para a Câmara e prende na sala do ar-condicionado. (...) Se a gente não fala nada e acontece uma coisa com o cachorro, uma imprensa chega aqui, a gente é noticiado no Brasil inteiro por maus-tratos de animal — afirmou Matheus.

Ele citou a preocupação com a exposição do animal.

— Isso é um absurdo à vida do cachorro e ao público aqui da Casa — explicou Matheus 

Em outro vídeo, publicado mais tarde por Matheus, ele aparece discutindo com Kaboja.

— Aqui não é o quintal da sua casa, não — aponta.

Enquanto Kaboja questiona “Você vai fazer gracinha?” e diz “Chama a polícia”. Após um corte, o presidente da Câmara reaparece dizendo “Eu que mando aqui, ” e, mais tarde, “Matheus, isso não dá voto não”.

— Isso aqui não é lugar de ter cachorro, presidente, tem que levar para cuidar porque ele está latindo muito. (...) Os animais não podem ser tratados dessa maneira e ainda passa aqui debochando como se a gente estivesse errado — responde Costa.

Após a exposição da situação, o presidente da Câmara publicou seu posicionamento nas redes sociais, classificando a atitude de Matheus como uma tentativa de calúnia.

Sempre tive cachorros em minha casa. Minha esposa, filha, família, todos nós amamos cães. Quem frequenta minha casa sabe disso. E hoje, quando levei até a Câmara um cachorro de rua, doente, que acolhi e cuidei em minha casa, para que a amiga Mariana (assessora do vereador César Tarzan) o adotasse (conforme tínhamos combinado), um representante público que se diz do bem, tentou criar um fato, uma situação para me caluniar — disse.

Kaboja ainda vê o vídeo como uma oportunidade de o vereador chamar a atenção.

— Seguidamente, ele vem tentando criar armadilhas e fatos, procurando montar fakes para atrapalhar quem legisla e trabalha por nossa cidade. Por transparência, coloco aqui como o cachorro está. A Mariana levou ele no pet shop (...), conforme tínhamos combinado, e ele está bem e agora terá um lar, cheio de carinho, atenção e amor. Bem diferente da vida de quem não tem folha de serviços prestados e é obrigado a fazer palhaçadas para tentar aparecer todos os dias! — finalizou.

A discussão foi levada ao Plenário durante a reunião de ontem por Matheus Costa. Segundo ele, o cão parece, agora, estar sendo muito bem cuidado.

— Os outros vereadores não estavam aqui, mas ele estava no corredor, latindo, desde as 10h e dando um eco em todos os gabinetes. Eu cheguei por volta de 13h40 e estava ouvindo o latido sofrido. É uma falta de respeito do tamanho da rua Goiás com o cãozinho. Maltratado ou não, ele estava numa sala onde tinha máquinas e poderia acontecer alguma coisa com ele. Aqui de vez em quando tem umas cachorradas, mas trazer cachorro já é demais — comentou.

Ele ainda questionou se o animal realmente seria doado e chamou a situação de “Operação Abafa Cachorro”.

Senado

Os senadores aprovaram na noite de terça-feira o adiamento das eleições municipais deste ano, previstas para outubro, para os dias 15 e 29 de novembro, do primeiro e do segundo turno, respectivamente. O senador Weverton (PDT-MA), relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), explicou que as eleições foram adiadas por 42 dias, mas o calendário eleitoral permanece o mesmo, como as datas para início de campanha.

A mudança se fez necessária para que os municípios se preparem com maior segurança para receber os eleitores.

— Face a todo esse quadro, fica claro que se impõe, então, o adiamento, que permitirá que possamos realizar com segurança e normalidade as próximas eleições, sem que seja necessária alteração do mandato dos atuais prefeitos, vice-prefeitos e vereadores ou daqueles a serem eleitos em 2020 — destacou o senador.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está autorizado a ajustar o cronograma eleitoral conforme a situação eleitoral de cada cidade. Assim, novas datas para o pleito podem ser estabelecidas, com o prazo limite de 27 de dezembro.

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