Educação Sexual

Adriana Ferreira

Cabe à Igreja falar sobre o tema? Sim. Cabe à escola falar sobre o tema? Sim. Mas, no falível sentir desta colunista, quando se presta a dar informações que levam a criança e o adolescente a reconhecer uma situação de abuso sexual que pode vir de casa, do vizinho, do mentor espiritual (padre, pastor, pai de santo, bispo, sacerdote e seja lá qual for o nome dado pela religião ou seita) e até mesmo do professor e denunciar. Aí, sim, cabe falar sobre o tema de forma positiva.

Ideologia de gênero 

Esta colunista faz parte do grupo que não somente usou a tribuna da Câmara Municipal como também participou de eventos em Belo Horizonte e Brasília/DF contra a ideologia de gênero nas escolas, porque aí já foge da educação sexual propriamente dita. Não cabe à escola entrar  na orientação sexual, política e religiosa de seus alunos. 

Identidade de gênero

A Constituição Federal, chamada de “Constituição Cidadã”, garantiu a todos o direito de ir e vir, e a evolução no entendimento dos direitos e garantias fundamentais reconhecem o direito à identidade de gênero, podendo ainda fazer alterações no registro de nascimento. Cabe destacar o caso da cientista social e  pesquisadora de gênero Aoi Berriel que, em agosto de 2020, conseguiu colocar em sua certidão de nascimento que é uma pessoa não-binária, ou seja, pode classificar sua identidade de gênero de várias maneiras, além do masculino e feminino.

E a escola?

A função da escola é trabalhar junto da comunidade, ter uma relação mais próxima com as famílias dos alunos, independentemente de identidade sexual, religião ou espectro político, não cabendo à escola influenciar em tais escolhas. 

Bullying

Mário Cortella disse que a função da escola é escolarizar, e cabe aos pais educar. Um recado para pais e professores. É comum os pais mandarem os filhos para a escola para serem educados e aí está o erro. Princípios éticos e morais, respeito ao próximo, seja lá quem for,   se aprende em casa. Quando o filho sai de casa ainda na primeira infância e vai para o maternal para ser socializado leva, além da mochila e da merendeira, valores. Bullying não é fruto da escola, é fruto de casa. O dia em que os pais pararem de proferir frases preconceituosas quando se referem a outrem, seja um prestador de serviço, seja na cena do filme ou da série, seja devido à identidade de gênero, isso será, como bem disse Louis Armstrong, “um pequeno passo de um homem, mas um grande passo para a humanidade”. Ninguém é melhor do que ninguém! Simples assim!

Certidão de nascimento

A Constituição Federal dispõe que todos são iguais perante a lei. Assim sendo, no lugar onde se escreve a qual sexo pertence, todos têm direito de colocar no referido documento não o sexo que nasceram, e sim aquele com o qual a pessoa se identifica. O problema é que, na prestação de socorros, podem ocorrer complicações, porque os primeiros socorros são diferentes para quem biologicamente nasceu homem e quem nasceu mulher.  

Caso verídico 

Há uns dois anos na Inglaterra uma pessoa chegou em um hospital passando mal e estava acompanhada de seu marido, que  apresentou  seus documentos nos quais constavam “sexo masculino” e, ao preencher  a ficha, escreveu “sexo masculino”.  Trataram como homem e, somente após o ultrassom, viram que a pessoa possuía os órgãos internos femininos e estava grávida. Morreram os dois. Se era uma pessoa grávida, um obstetra e um ginecologista seriam chamados nos primeiros socorros. Sendo homem, não cabe. Cabe salientar que o companheiro nada disse.   Salvo melhor juízo, deveria constar “mulher trans” “homem trans”, até porque pode ser que quem acompanha não diga que se trata de uma pessoa trans. Uma palavra a mais e vidas serão salvas. Fica a dica. 

Padre Chrystian Shankar

Querido e respeitado na comunidade católica, poderia ter falado a mesma coisa, mas sem apontar o dedo. Ao fazê-lo, se esqueceu que, ao apontar um dedo para outrem, apontou três para si.  

Professor Juvenal Bernardes

Querido e respeitado por estudantes, pais de alunos, amantes do teatro,  deve, sim, ter sua opinião respeitada, mas os impropérios, os adjetivos pejorativos e o final totalmente politiqueiro, desnecessários. 

Mas vamos que vamos!

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