Educação não pretende voltar atrás em matrículas on-line

Matheus Augusto

No primeiro dia de aulas da rede estadual de ensino, algumas escolas em Divinópolis tiveram fila não de alunos, mas de pais, em busca de informações sobre as matrículas. O sistema, desde o início, apresentou falhas que, até o momento, geram consequências para os estudantes. No entanto, o governo não sinaliza, por enquanto, a possibilidade de atender às demandas do sindicato, como mudanças no sistema de matrículas.

Off-line

O governo de Minas Gerais anunciou, em novembro do ano passado, que a matrícula seria, pela primeira vez na história, feita exclusivamente on-line. A modernização do processo, no entanto, causou transtornos para muitos pais e responsáveis. O prazo final para a realização do cadastro e a divulgação da primeira chamada sofreu três atrasos.
As reclamações são as mais diversas: alunos que, em vez de estudarem em uma escola perto de casa, são encaminhados para localidades afastadas; estudantes matriculados, porém a instituição alega estar sem vagas; e dificuldades em acompanhar as informações referentes ao cadastro são alguns dos problemas enfrentados.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recomendou à Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) que o sistema on-line não fosse a única forma de matrícula.

Ao Agora, a Superintendência Regional de Ensino (SER), em Divinópolis, informou que a intenção não é voltar atrás na decisão, mas melhorar o sistema.

— Sobre o novo sistema de matrículas, ele continuará sendo aprimorado pela SEE/MG para melhor atendimento da população de todo o estado — ressaltou.

Números

Outras críticas, em nível municipal e estadual, é a queda no número de matrículas entre o ano passado e este. Segundo o Sind-UTE/MG, com base nas informações disponibilizadas pelo governo do Estado, em 2019, 1.860.000 estudantes fizeram o cadastro. Neste ano, até o início de fevereiro, o dado caiu para 1.627.000.

Sobre essa crítica, a SRE informou ainda não possuir os números locais deste ano.

— Ainda não dispomos do número total de matrículas em 2020, tendo em vista que o processo ainda está sendo concluído na rede estadual. No ano passado, 21.353 alunos se matricularam na rede pública estadual em Divinópolis — explicou.

Sobre a greve, a superintendência informou reconhecer a paralisação de duas escolas em Divinópolis, e que uma das instituições não têm data para voltar às aulas.

— A Escola Estadual Luiz de Melo Viana teve suas atividades paralisadas nos dias 11 e 12 de fevereiro, mas já fomos informados pela gestão da unidade de ensino de que as atividades serão retomadas em 13 de fevereiro. A Escola Estadual Antônio Olímpio de Morais também parou nos mesmos dias, e ainda não foi decidida pela comunidade escolar a  data de retorno às aulas — informou.

O órgão regional ainda destacou respeitar a decisão dos servidores, mas espera que a situação não se estenda e prejudique alunos e professores.

— Ressaltamos que respeitamos o direito de greve dos docentes da rede, mas a carga horária dos estudantes deverá ser reposta oportunamente, para que não haja prejuízo das atividades letivas e tampouco do vencimento dos professores — finalizou.

Greve

A greve da rede estadual de ensino em Divinópolis terá uma reunião importante hoje. O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) se reúne com os servidores, às 17h30, para definir os próximos passos da categoria na cidade.

No encontro, o sindicato discutirá as pautas e demandas dos servidores, além de ouvir o posicionamento das escolas sobre a adesão ou não à greve.

Estadual

Em Belo Horizonte, os protestos continuam. Profissionais da Educação marcaram presença ontem, pelo segundo dia consecutivo, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Uma das principais reivindicações é o tratamento isonômico entre as categorias, pois, segundo o sindicato, a Segurança Pública, por exemplo, tem recebido mais atenção do governo.

Na assembleia, os educadores fizeram vigília para acompanhar a votação do projeto, de autoria do Executivo, que reajusta os salários dos profissionais da Segurança, na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. A reunião não aconteceu e os profissionais presentes cobraram “a inclusão da Educação na política de reajuste salarial do governo do Estado”.

— Junto aos petroleiros, servidores da Saúde e dos Correios, o funcionalismo público mineiro reafirmou a importância da unidade para que o governador atenda às pautas de reivindicações e negocie, de maneira igualitária, com todos e todas servidoras públicas — informou o sindicato estadual.

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