Divinópolis reduz número de atos violentos contra mulheres

Ana Lúcia Silva

Na contramão do que tem ocorrido no país e no Estado, quanto aos números registrados de feminicídios, Divinópolis apresenta queda neste tipo de ocorrência, segundo a titular da Delegacia de Mulheres, Maria Gorete Rios.

O fator que aponta a diminuição deste tipo de crime que passou a ser caracterizado de modo específico em 2015 com uma lei própria para tratar de assassinatos de mulheres em função do gênero. A delegada realiza um trabalho preventivo com cada mulher que busca o atendimento.

— Nosso intuito é mesmo evitar que o crime não seja concretizado e, como sabemos, na maioria dos casos esse tipo de violência ocorre dentro das casas das próprias mulheres —relatou a delegada.

A equipe que integra a delegacia especializada, conta desde o início de 2018 com uma psicóloga e estagiários da mesma área, que são especializados em acolhimento e acompanhamento dessas vítimas, bem como dos agressores que na maioria das vezes também são acompanhados e monitorados, principalmente em casos onde há emissão de medidas protetivas.

Por sinal, as medidas protetivas, como destaca  a delegada, também estão diminuindo consideravelmente se forem relacionados os anos de 2017 e 2018. No primeiro ano foram emitidas 398 medidas, enquanto que em 2018 este número caiu cerca de 50% com o total de aproximadamente 200 casos.

— A medida protetiva segue o critério legal para ser emitida, sendo que neste ano foram expedidas 12. Nos dois anos anteriores a redução foi considerável, segundo a delegada que revela que a equipe está trabalhando incansavelmente para ser cada vez menor, os casos de registros.

— Quando uma vítima procura a delegacia, temos não só um local para registro da agressão, mas sim uma equipe totalmente especializada em atender essas vítimas que estão fragilizadas pelo ocorrido e precisam imediatamente serem assistidas de uma maneira acolhedora por psicólogos, assistente sociais e por toda equipe. É importante valorizarmos todas essas pessoas merecem colher esses frutos. Uma orientação de qualidade evita as vias de fato — destacou a delegada.

— Uma orientação de qualidade evita as vias de fato — destacou a delegada.

Cada vítima que procura a delegacia é orientada quanto ao que deve fazer, aos cuidados a serem tomados e, principalmente, encorajada a avaliar sua decisão de denunciar o agressor.

Vítima

Vanessa da Silveira Lopes, 25 anos, é dona de casa e ex-esposa de um agressor do qual ela se mantém distante há dois anos. Nas palavras dela. o ex-marido se transformou depois de 10 meses de casado. O ciúme que não era aparente se tornou protagonista e as proibições que nunca existiram passaram a ser frequentes e o que ela não esperava começou veladamente.

— A violência que comecei sofrer foi verbal e, em seguida, ele começou a me empurrar, chutar, bater no rosto, até que um dia me esmurrou. Os motivos eram sempre por ciúmes de qualquer coisa que eu fazia, se meu celular ficasse desligado era motivo para apanhar. Até que um dia ele me ameaçou de morte e mais uma vez me bateu. Foi a gota d´água. Fiz a representação contra ele, pedi a medida protetiva e retornei para a casa dos meus pais. Tenho certeza que evitei um final trágico — relata.

 Para o psicólogo Everton Costa, as agressões sofridas por mulheres como no caso de Vanessa são as mais comuns. Trata-se de uma manifestação de poder em relação ao gênero, onde massivamente homens se sentem superiores às mulheres e se sentem no direito de delas, serem donos.

—Há claramente uma sobreposição de evidência da própria existência masculina sobre as mulheres, o que demonstra que estes agressores enxergam suas companheiras como objeto — explica.

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