Divinópolis está prestes a perder 17 médicos

 Maria Tereza Oliveira 

Com o anúncio da saída de Cuba do programa “Mais Médicos”, Divinópolis está prestes a perder 17 médicos. Atualmente a cidade conta com 91 profissionais para atender as 32 Estratégia de Saúde da Família (ESF) e 11 unidades tradicionais. Com isto, a cidade perde mais de 1/5 dos médicos. 

Este futuro corte vem para complicar ainda mais a saúde pública da cidade que já passa por dificuldades financeiras, devido os atrasos dos repasses do governo estadual. Dentre os R$ 94 milhões que o Estado deve ao Município, R$ 72 milhões são destinados à área da saúde. 

De acordo com a Prefeitura, a saída dos médicos cubanos impacta diretamente na saúde local. O corte dos médicos afeta os atendimentos na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Retirada 

O Ministério da Saúde cubano afirmou os motivos da retirada do país do programa. De acordo com Cuba, as exigências feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) seriam “inaceitáveis” e “violam” acordos anteriores. Por outro lado o futuro presidente se manifestou nas redes sociais, afirmando que “o país fica com a maior parte do salário dos médicos cubanos e restringe a liberdade destes profissionais e de seus familiares”. 

Para Cuba, o governo eleito questiona a preparação dos médicos ao exigir que eles se submetam à revalidação do título para serem contratados. 

Em documento, as autoridades cubanas ressaltam que o acordo do programa “Mais Médicos” foi ratificado em 2016. O país ainda afirma que questionar a capacidade dos cubanos é algo inaceitável. 

“Mais médicos” 

O programa foi criado em 2013 no governo da Dilma Rousseff (PT) e, desde então, levava médicos à regiões longínquas e de difícil acesso do país. Os médicos cubanos começaram a trabalhar no Brasil por meio de um convênio firmado entre os dois governos.  

A Organização Pan-americana de Saúde (Opas) dispensou a validação do diploma dos profissionais. Na época, algumas entidades médicas brasileiras questionaram o acordo. 

Ministério da Saúde 

Em nota à imprensa, o Governo Federal afirmou que está adotando todas as medidas para garantir a assistência dos brasileiros atendidos pelas ESF que contam com profissionais de Cuba. 

— A iniciativa imediata será a convocação nos próximos dias de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos — esclarece.  

De acordo com a nota será respeitada a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior. 

— O Ministério da Saúde reafirma e tranquiliza a população que adotará todas as medidas para que profissionais brasileiros estejam atendendo no programa de forma imediata — conclui. 

Bolsonaro 

Durante sua campanha, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, teceu críticas ao programa, embora tenha afirmado pretender mantê-lo. Bolsonaro disse que o “Mais Médicos” deveria permanecer, porém sem viés ideológico e comprovando capacidade técnica para o trabalho a ser desempenhado.  

 

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