Divinópolis do presente

Se tem uma coisa que político gosta nesta vida para fazer campanha é obra inacabada, e Divinópolis é o lugar perfeito para isso. Só do Estado são quatro: Estação de Tratamento de Esgoto do Rio Itapecerica (ETE Itapecerica), Hospital Público Regional Divino Espírito Santo, ampliação do presídio Floramar e duplicação da MG-050. Fora essas, a cidade tem ainda inúmeros bairros sem infraestrutura e que aguardam por melhorias há anos, alguns até mais de 30 anos, como é o caso do Grajaú e região. Entra ano e sai ano, entra prefeito e sai prefeito, e a situação dos bairros continua a mesma: esgoto a céu aberto, ruas sem calçamento, tomadas por poeira em época de seca, e que viram um lamaçal em épocas de chuva. Tudo isso obriga os moradores a conviverem com baratas, ratos, mosquitos e mau cheiro em casa, uma condição que chega a ser sub-humana.

E é assim, de eleição em eleição, que Divinópolis se torna a “cidade esperança”, a “cidade do futuro”, e nunca a do presente, que dá orgulho de morar, de viver. Justamente por causa disso, desse descaso – que pode ser proporcional, pois é dele que milhares de votos saem –que Divinópolis se tornou a “cidade do futuro”. Com políticos que trabalham apenas para legislar em causa própria e que não conseguem se organizar em prol do povo, a cidade afunda em meio ao caos, e os moradores da periferia já nem acreditam mais que as melhorias chegarão, que um dia terão a tão sonhada infraestrutura. Mas, a culpa é de quem? Do povo ou dos políticos? Do povo que não sabe cobrar, não se organiza e deixa tudo “correr solto”? Ou dos políticos que se aproveitam disso para se eleger?

Além disso, como a questão é bem complexa, vale questionar ainda: se os políticos falassem a verdade, eles seriam eleitos? Se Galileu Machado (MDB), ao subir em um palanque, dissesse: “não tem verba para asfaltar as ruas, a Prefeitura está quebrada, o Governo do Estado não repassa dinheiro, e o Governo Federal está no “conta gotas””, ele seria eleito? A culpa disso tudo está no politico que sobe no palanque e promete sem saber se tem como cumprir, ou do povo, que não procura saber se as promessas serão cumpridas? Este é um questionamento que dá um nó na nossa cabeça. Afinal, a gente não sabe responder com 100% de certeza quem é culpado e quem é inocente. Pois, tudo, no fim das contas, é uma junção de má-fé com ignorância. A má-fé dos políticos com a ignorância do povo é a receita perfeita para que bairros como o Grajaú, Jardinópolis, Costa Azul e Terra Azul permaneçam como estão durante anos.

É justamente esta junção que faz com que Divinópolis seja a “cidade do futuro”, e nunca a “cidade do presente”. Milhões são desperdiçados aqui em nome do futuro – como o caso do Hospital Público e das obras do PAC Saneamento. Aqui é o paraíso político. É onde o político não precisa mover um milímetro para trazer melhorias para o povo e só promete uma “cidade do futuro”, afinal, o presente não existe, e a população se contenta com muito pouco. Uma promessa aqui, outra ali, já resolve, pois a cidade é só do futuro...

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