Divinópolis, boadrasta

Adriana Ferreira 

Parabéns, minha querida boadrasta, terra boa, das oportunidades! Não é à toa que está entre as 100 melhores cidades do país para se realizar profissionalmente.  Um rincão formado de cada pedacinho do Brasil. Conhecendo a Cidade do Divino, se conhece o país inteiro! Brasil, 2,38 milhões de habitantes; Divinópolis, 239 mil habitantes. As coisas estão difíceis agora, mas não é culpa sua. Comemore! Você merece!

Divinaexpo

Era para estarmos no auge da festa, com diversas atrações, com gente bonita, com a Queima do Alho,   comidaria (Prato Rural! Hummm! E tantos outros)! E se seguuuuuuuuuuuuuuuuuura peão! É festa de rodeio! Não tem como conter as lágrimas! Esta coluna se solidariza com todos da equipe organizadora, a começar pelo presidente, Irajá Nogueira, e também com a Lucs Promoções, por meio de seus sócios, Pablo Ribeiro e Júlio Batista. A Divinaexpo não morreu! Vencendo o Sars-CoV-2, e sabemos que venceremos, uma festa linda, jamais vista, espera por nós. Guardemo-nos e aguardemos! 

ABC I

Nada a ver com as primeiras letras do alfabeto, mas, sim, com o nome da grande rede de supermercados ABC. Quando surgiu, há algumas décadas, em um pequeno estabelecimento na rua Goiás, entre a avenida Paraná e rua Espírito Santo, o nome sugeria a ideia do seu empreendedor – Alimentos a Baixo Custo – e assim conquistar o mercado que pertencia quase que com exclusividade ao Supermercado Pioneiro e aos Supermercados BBB, Beraldino Batista Braga. E, assim, o pequeno estabelecimento se tornou uma potência, levando o Supermercado Pioneiro a mudar de atividade e os Supermercados BBB à falência, tendo inclusive adquirido parte de suas lojas. Atualmente está presente em várias cidades, gerando empregos e divisas.

ABC II 

Concorrência predatória é o nome dado à concorrência existente entre a rede de supermercados e os pequenos e médios restaurantes. Os restaurantes adquirem a maioria dos produtos deles e estão no sufoco para vender o marmitex a pouco mais de R$ 15 e, assim, conseguir manter empregos sem muito endividamento, ou até mesmo não precisar fechar as portas, em alguns  casos. E o que recebem do fornecedor ABC? A venda do marmitex em valor inferior ao custo final do produto para eles, pequenos empreendedores. Pois bem, postei a respeito nas redes sociais, inclusive lembrando-os que, se as vendas estavam baixas, tomaram fôlego com a pandemia e que os pequenos empreendedores também são clientes e precisam sobreviver. Um dos gestores, ao tomar conhecimento, disse: “trabalhando de forma justa e honesta há 40 anos, não é isso que vai nos prejudicar”. Isso me fez lembrar da célebre  frase dita no batismo do Titanic: “No even God can sink this ship!” (Nem mesmo Deus pode afundar este navio, pois era considerado “infundável”). Erraram feio!

ABC III

Ao demonstrar total falta de consideração com seus clientes, lembrei-me de uma das mais belas obras de José Mauro de Vasconcelos, intitulada “Coração de Vidro”.  Quem já teve o prazer de ler “Meu Pé de Laranja Lima”, “Rosinha Mina Canoa”, sabe de quem estou falando. Se não leu, corra e leia os três. São maravilhosos! Mas voltando ao assunto. Na obra citada, o cenário é uma fazenda, a qual comparo à cidade, o Príncipe é o ABC e a mangueira Candoca, os clientes. Na infância (começo), o Príncipe amava a mangueira, era sua amiga. Contava com ela! Ela era importante para a sua infância. E ela sempre tinha o melhor fruto para ele (lembrem-se que os clientes migraram do Pioneiro e do BBB para o ABC).

Um dia, o  príncipe se mudou para a cidade. No princípio não queria, mas o tempo passou, ele cresceu e se adaptou. Um dia a mangueira Candoca foi cortada, restando um toco, mas ainda vivia, “alimentando o resto de vida nas raízes vivas”. Pelo Príncipe, tinha esperança!  Um dia, ele voltou à fazenda e colocou o pé no que restara da mangueira para amarrar os sapatos. “O príncipe olhou de olhos parados o tronco, como se nada significasse. Ah! Me lembro. Tinha uma mangueira ali... Candoca sentiu que não mais existia e foi-se encolhendo por dentro das raízes e fechou os olhos de vez, para só abri-los no reino do Nada.” E um dia, já pai, sua esposa fala de infância (começo) onde uma árvore (cliente) é importante. “Mas não pôde acabar de argumentar porque o Príncipe interrompeu.

Não insista, meu bem. Um apartamento é mais prático. E eu já fui menino também e não tive nada disso que você fala. Isso é literatura...” Impérios ascendem e caem todos os dias, principalmente porque se esquecem do começo, quando cada cliente contava. Só resta dizer: “Quem se esquece de onde veio, não sabe pra onde vai”.

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