Desvalorizada

Quanto vale sua vida? A vida é um bem insubstituível e por ser assim não tem valor que a quantifique. Vida é dádiva dada pelo Criador e também, por ser assim, não tem valor que a pague.

Uma coisa é certa: independente da ascensão social, financeira, cultural e inúmeras outras que uma pessoa possua, nenhuma vida deveria, em tese, ter mais valor que a outra. Exatamente por ter esse caráter divino e único.

Apesar de não ter valor quantificado, a vida vem se desvalorizando. Em determinados locais – aí engana-se quem entende estes locais extremos como zonas de guerra ou locais de extrema pobreza – ela é vista como submercadoria que pode ser descartada a qualquer momento.

Quando nos roubam o dinheiro público e desviam sua finalidade, empresários, políticos e outros estão desdenhando da vida alheia. Para eles, por exemplo, pouco importará se o dinheiro desviado da construção de um hospital “X” irá propiciar que mais pessoas morram por falta de atendimento adequado à saúde. Não é dinheiro que a corrupção nos toma, mas, sim, vida e dignidade.

A falta de crença no homem também ceifa vidas. A intolerância inibe a convivência e em muitos casos por não ser igual, o diferente é suprimido. Sua vida e existência não têm valor e não somam e, por ser assim, podem ser descartadas. Alguns loucos e vazios de amor ao próximo chegam a justificar isso em nome da fé... em um Deus. Engano sem precedentes.

A depressão também acaba com vida. Poderá acabar vagarosamente sem que a pessoa perceba que os atos tomados dia após dia contribuem para o fim da vida. Um suicídio inconsciente que acomete milhões que morrem um pouquinho a cada dia.

Até a modernidade, que deveria ser uma ferramenta do bem, esconde armadilhas. Jogam com a vida e a morte é transmitida ao vivo, via internet, por loucos que tiram a vida e ainda se vangloriam do feito.

O desafio da “Baleia Azul” é mais um exemplo da falta de valor à vida. Pior de quem tira a própria vida são aqueles que ficam no anonimato de uma rede social assistindo a degeneração do outro num jogo macabro, se divertindo com o fato.

Se antes a ignorância era uma das justificativas para que ocorressem barbáries que ceifaram tantas vidas ao longo da história humana, hoje, com tanta informação disponível e com a própria evolução humana, isso não pode servir de argumento.

A vida perde seu valor porque perdemos a noção do amor. Seja o amor próprio ou amor ao próximo. Quem ama em plenitude tem a noção exata do valor da vida. Da sua e da do outro. Em tempos tão áridos é imperioso chover amor e irrigar, com ele, os veios que tocam a vida.

Rodrigo Dias

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