CREPÚSCULO DA LEI – XXVIII

A era dos psicopatas 

Ponerocracia é o governo do mal. Vem do grego poneros (maldade) e kratos (poder). Trata-se de um termo já utilizado na Política de Aristóteles (384 a.C – 322 a.C), quando ele se referia ao governo das leis más. Também existe o termo ponerologia, o estudo do mal – inclusive dando nome a livro de um autor chamado Andrew Lobaczewsk (1921 – 2008).

Os ponerocratas são os psicopatas da política e estão no governo com toda a agressividade mental que caracteriza a ausência de emoção em suas atitudes. Muitos poderiam ser citados a título de exemplo, em todos os poderes, em todos os níveis e esferas, todos impondo castigos cruéis à comunidade dos mais vulneráveis, feito um Inferno de Dante às avessas.

O governo do Rio tem ações ponerocratas. É um governo que age com a extremada crueldade, característica da ponerocracia clássica na permissividade violenta concedida às ações policiais, a qual se comprova e se demonstra em pesquisas do Instituto de Segurança Pública – RJ, do Observatório de Segurança – RJ e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes – RJ. As pesquisas foram amplamente divulgadas (vide redes virtuais).

No estado do Rio, conforme levantamento no período de janeiro a junho deste ano, foram mortas 881 pessoas em operações policiais – não contabilizados julho, agosto e setembro ainda – sendo que 813 destas mortes ocorreram na capital ou região metropolitana. Todavia, um dado é bastante significativo: nenhuma destas ações foi registrada em regiões controladas pela milícia!

Milícia é uma modalidade de organização criminosa formada por grupos paramilitares e lideradas por militares, tanto da ativa quanto da reserva e até mesmo por militares excluídos da corporação em alguns casos.

As práticas de milícias estão em crescente não só no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, mas também exportadas para outros cantos do país. Práticas milicianas envolvem a cobrança por segurança pública, porcentagens nos negócios da região – desde gás, transporte, aluguéis ou venda de imóveis e até internet – bem como o controle absoluto do tráfico. É por isso que em algumas áreas ocorreram mais mortes: elas representam a resistência dos traficantes tradicionais (Pasme-se!).

Pelos dados da pesquisa constatou-se que a crueldade é contra a criminalidade coisa nenhuma – para a felicidade de Flávio e de Queiroz – mas contra traficantes. E não contra todos os traficantes evidentemente – o dono do helicóptero está fora – mas contra traficantes da classe baixa, e ainda assim, nem todos da classe baixa, mas contra aqueles que não se renderam às milícias. Isso é ponerocracia pura.

Alguns espetáculos de ponerocracia valem ser lembrados, desde o fatídico 7 de abril do corrente ano, quando Evaldo Santos Rosa foi assassinado em seu veículo atingido com retumbantes setenta perfurações, assim como no dia 4 de maio o governador do Rio sobrevoou Angra dos Reis autorizando disparos – snipers – contra civis, claro, em comunidades da classe baixa, combatendo o tal tráfico seletivo.

Posteriormente, o mesmo governador declarou que, se a ONU autorizasse (?), ele próprio dispararia um míssil – sim, um míssil – contra a comunidade da Cidade de Deus. E, ainda, em uma entrevista advertiu, sabe-se lá quem, antes de encerrá-la: “Não saia de casa com um fuzil. Troque por uma Bíblia, porque, se sair, nós vamos te matar!” (Afinal, para que processo?). Ele ainda, no dia 20 de agosto, deu televisivos pulinhos de êxtase quando a polícia abateu – cinco perfurações – um amental que sequestrou um ônibus. Tudo acompanhado pela mídia do espetáculo.

Mais recentemente, no dia 20 de setembro, no Complexo do Alemão (claro!) a menina Ághata Félix, 8 anos, foi atingida por um disparo policial e morreu. Estava dentro de uma kombi. O disparo seria destinado a um motociclista que não atendeu ordem de parada da operação policial. A comunidade pediu: “Parem de nos matar!".

São alguns exemplos de governo(s) de psicopatas instalado(s) no país. Ponerocratas no governo é assim, sempre contra classes baixas. Para eles – os psicopatas da ponerocracia – só na classe baixa tem crime. E tem gente que gosta.

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