Comportamento de manada

Comportamento de manada

 

A estratégia de manipulação eleitoral e da opinião pública nas redes sociais vem acontecendo no Brasil desde 2012, crescendo em 2014 e deve ser muito explorada em 2018. A estratégia emprega perfis falsos para influenciar a opinião pública, aproveitando-se do "comportamento de manada" – característica psicológica de animais. Este conceito refere-se à tendência que as pessoas têm de seguir influenciadores ou grupos, sem refletir pessoalmente sobre a própria decisão.

Quando uma ideia é compartilhada por muitas pessoas, a tendência é de ser seguida, como afirma o professor Fabrício Benevenuto, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na hipótese da escolha de um restaurante, por exemplo, entre o que está vazio e outro que tem algumas pessoas, a escolha quase sempre recai neste último. Na estrada, caminhoneiros e viajantes também preferem locais mais frequentados para parar. Essa característica humana abre uma brecha na percepção do cotidiano.

Há quem vê essa manipulação “de manada” como um perigo para a democracia, que só funciona bem quando a informação circulante é correta. A possibilidade de os ‘fakesnews’ (notícias falsas) serem produzidos por ‘ciborgues’ ou ‘bots’ aumentam esse perigo, com rápidas consequências para as relações sociais.

O expediente artificioso nas redes sociais orienta discussões para certos temas, atacam adversários políticos, espalham rumores, disseminam ódios, criam clima de estar bem ou mal em pesquisas, deformam fatos relacionados a determinados personagens.

Uma rápida navegação pelas páginas da rede permite perceber o quanto este comportamento de manada está presente e bem disseminado no ambiente político, especialmente para 2018. E esperada que a manipulação eleitoral pela internet seja similar à campanha usada por russos nas eleições estadunidenses, que contribuiu para a eleição de Donald Trump.

Evidências reunidas por uma investigação da BBC Brasil, ao longo de três meses, revelam: operações conjuntas para tentar ‘bombar’‘hashtag’– recurso que agrupa assunto falado nas redes sociais – retuítes de políticos, curtidas em postagens, comentários elogiosos, ataques coordenados a adversários e até mesmo falsos debates entre ‘fakes’.

A preocupação do Agora com a manipulação deve soar como alerta aos cidadãos de boa fé e como mensagem de atenção para o fato de que nem tudo o que está nas redes sociais é verídico e bem intencionado. Plataformas como a do Facebook, permitem que se transforme uma página ou um perfil falso, anônimo, em um meio oficial para decisões de caráter público ou como “uma nova esfera pública”, segundo o professor Pablo Ortellado (da USP).

Por isso tudo, antes de assumir uma posição diante de alguma situação virtual, que lhe causa estranhamento ou satisfação, o leitor deve pesquisar em outras fontes.

 

Uma rápida navegação pelas páginas da rede permite perceber o quanto esse “comportamento de manada” está presente e bem disseminado no ambiente político.

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