Com suspeito preso, vítima de abuso tenta retomar normalidade
Da Redação
Por anos, um servidor público da Prefeitura de Divinópolis, com 25 anos de experiência, abusava sexualmente de sua filha e sobrinha. A acusação é própria adolescente. A suspeita é investigada pela Polícia Civil (PC) desde 31 de março deste ano, quando o órgão recebeu a denúncia. O homem, de 51 anos, foi preso temporariamente na última quinta-feira, 21, pelo período de 30 dias, prazo que pode ser prorrogado pelo mesmo período. O Agora trouxe o caso com exclusividade e, também em primeira mão, conversou com a filha e esposa do suspeito ontem. A entrevista pode ser conferida também em todas as nossas plataformas digitais.
Prisão
O suspeito trabalha atualmente dirigindo máquinas pesadas em uma das secretarias do Município e já trabalhou como motorista do Conselho Tutelar que, segundo a advogada da família, já está ciente dos fatos. Com o surto causado pelo novo coronavírus e a superlotação do Floramar, ele foi conduzido para o presídio de Bom Despacho, local que se tornou a porta de entrada dos presos da região, segundo a PC. Segundo um dos advogados que acompanha o caso, com a comprovação das denúncias, o suspeito pode ser condenado à prisão por até 15 anos.
O inquérito é conduzido pela delegacia de Proteção a Crianças e Adolescente, por meio da delegada Maria Gorete Rios.
Depoimentos
Sofrendo em silêncio, a filha do casal se via cada vez mais debilitada mentalmente. Diante disso, ela reuniu coragem para denunciar o agressor, assim ela o chama.
— Eu estava tendo crise depressiva, chorando muito e a minha mãe, sempre preocupada comigo, um dia me chamou para conversar e eu decidi abrir para ela e contei que estava sendo abusada pelo meu pai — revelou.
A mãe conta que, até então, não suspeitava dos abusos e, mesmo assim, nunca duvidou dos relatos da filha.
— Até a minha filha chegar e me falar eu não desconfiava de nada, porque a gente era uma família e ele demonstrava ser um homem de muito respeito. Quando ela chegou e me falou, a minha primeira reação foi a de querer colocá-lo para fora de casa.
Ao confrontá-lo com a informação, o suspeito teria dito friamente para levar a adolescente para fazer o exame de corpo de delito.
— Naquela hora eu vi que minha filha estava falando somente a verdade — afirma.
Medo
Ambas também denunciaram ter recebido ameaças dos agressor para não expor o caso, o que não impediu a mãe de proteger sua filha.
— Quando eu fiquei sabendo, mesmo com as ameaças dele, estava decidida a fazer as denúncias e apoiei a minha filha, o que foi e está sendo muito importante para ela. Hora nenhuma eu fiquei com dúvidas sobre o que ela me contou porque ela não tinha por que inventar. Já procurei as autoridades, fiz a denúncia e foram tomadas as medidas cabíveis — detalhou.
A filha também falou sobre as ameaças, um dos motivos que a fez manter o silêncio por tanto tempo, pois temia pela sua vida e a da mãe.
— Ele sempre me ameaçava, falando que se eu acabasse com a vida dele ele acabaria com a minha, (...) e eu tinha muito medo de contar para minha mãe — completou.
Prisão
Com o suspeito atrás das grades, mãe e filha buscam superar o trauma
— A gente vai voltar para casa mais tranquilas, sabendo que ele está preso e, com a ajuda de psicólogos e médicos, voltar a tentar ter uma vida normal — pontuou a mãe.
A filha também comentou que agora ambas podem se sentir seguras na própria casa.
— Sabendo que ele está na prisão, eu me sinto bem mais segura porque agora ele não vai mexer comigo nem com outras meninas, pois eu tinha medo disso também — declarou.
Mensagem
Para quem vive a mesma situação, a mãe recomenda oferecer todo o apoio necessário às vítimas para que elas se sintam confortáveis para denunciar os crimes e, em seguida, buscarem justiça.
— A partir do momento em que a minha filha me contou, eu já tomei as devidas providências. Quero deixar meu apoio para as mães e as filhas para que não se calem, nós precisamos cobrar e lutar pelos nossos direitos, por justiça, porque isso só quem passa quem vive que sabe a dor — pontuou.
O sentimento da filha é o mesmo, que orienta as garotas com esse trauma a não sofrerem em silêncio.
— Para quem passa pela mesma situação, eu digo para não esconder, para procurar a polícia e contar. As meninas que passam por isso não merecem esse sofrimento muito grande. Não escondam, mesmo que vocês tenham medo — complementou.