Com meu abraço

 

Prof. Antônio de Oliveira
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Dia 22 de maio é Dia do Abraço. Só faltava essa: Dia do Abraço! Pois não é que vale refletir sobre esse gesto repetido por aí afora, conforme o costume. Dentre abraços, abraço e abraço: abraço de tamanduá, de traição; de amigo falso,de Judas; abraço carinhoso, abraço forçado de político em campanha eleitoral, abraço de reconciliação, abraço erótico, abraço de pêsames, abraço de parabéns, abraço formal, abraço espontâneo, abraço cordial, tapinha nas costas. Há plantas que também se abraçam.

Poeta escreve poemas fruto de “vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão”, repetia Artur da Távola. Maria Beatriz Marinho dos Anjos entende de abraço, ou melhor, de laço e abraço. Laço de fita é um abraço que apresenta uma, duas ou mais pontas e se desata sem esforço.A fita dá voltas que se enroscam,semse embolarem.Um ritual para desatá-las como o foi ao atá-las.

Abraçar é como dar um laço num embrulho de presente. Quando tudo com o braço torna-se abraço. Braços, mãos e dedos se entrelaçam e se aconchegam num ritual. Um laço de um presente é desfeito ritualmente. O laço “não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço”.Assim é o verdadeiro amor, conclui aautora do poema “O Laço e o Abraço”.Do abraço e do laço, par formado por uma comparação ímpar.

Dia 22 de maio, Dia do Abraço. Tudo a ver com a comemoração do Dia das Mães. Intencional ou não, significativa é a proximidade dessas duas festas. A gente abraça o feminino, a imensidão, a porção mulher, a concha, o conchego, o mar. Abraço de mãe, na altura do coração, é uma volta ao colo, ao claustro, ao útero; ventre materno, ninho, lar inicial, recôndito e silencioso. Um oceano pacífico onde foi depositada uma semente. A futura mãe a cultivou, seu corpo construiu outro corpo, deu à luz, tornou-se mãe, assinou seu registro de mãe. Selou a vida sobraçando, no colo, a criancinha recém-nascida.

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