Cinema Falado destaca filme "Me chame pelo seu nome"

1. Lançamentos da semana

*ME CHAME PELO SEU NOME (CALL ME BY YOUR NAME). ITÁLIA. 2017. DIR.: LUCA GUADAGNINO. ELENCO: ARMIE HAMMER, TIMOTHÉE CHALAMET. DRAMA. 132 MIN.

Belo filme passado no interior da Itália com uma fotografia que explora a paisagem solar, com base num romance escrito pelo egípcio André Aciman, onde acompanhamos o adolescente Elio (Chalamet) passando férias na casa de campo da família em 1983. Seus pais são intelectuais e o ambiente tem a cor da cultura Greco-Romana que é a especialidade de seu pai, Mr. Perlman (Michael Stuhlbarg), um homem arejado que recebe a visita de um ajudante norte-americano chamado Oliver (Hammer) no intuito de ajudá-lo em sua pesquisa. Com o tempo a amizade entre Elio e Oliver cresce e eles acabam tendo um relacionamento amoroso e emocional que vai marcar a vida deles para sempre, embora nenhum deles seja homossexual e o que passa no filme fica sendo como uma relação de um rito de passagem, onde os dois também se envolvem com as garotas do local. Um filme delicado que não cai na armadilha de ser um manifesto a favor das minorias, mas que mostra como o desejo é difuso principalmente na juventude, e como as pessoas de nível reagem numa situação dessas, já que os pais de Elio compreendem o filho e discutem sua relação com carinho e realismo. Com ótimas atuações de Hammer e Chalamet e o roteiro escrito pelo famoso artista James Ivory, que junto com seu parceiro Ismail Marchant fizeram ótimos filmes como “Uma Janela Para o Amor” (1985), “Retorno a Howard’s End” (1992) e “Vestígios do Dia” (1993).

2. Documentário

*O CÁRCERE E A RUA. BRASIL. 2004. DIR.: LILIANA SULZBACH. ELENCO: BETÂNEA, CLÁUDIA, DANIELA. 80 MIN.

Documentário vencedor de vários prêmios, incluindo o de Gramado 2004, tem nas mãos firmes da diretora gaúcha Liliana Sulzbach o seu diferencial, já que além de conhecermos a realidade das prisões brasileiras femininas, vamos percorrer o caminho de soltura de algumas mulheres e o baque que recebem ao se verem largadas pelas ruas. Acompanhamos a soltura de Cláudia, uma mulher negra de 54 anos que passou grande parte da vida presa em razão de latrocínio, assalto seguido de morte, e a dificuldade por que passa para se integrar à sociedade, quando até sente vontade de voltar para a reclusão. Já Daniela, uma quase menina que foi presa por tentativa de matar o filho, que ela nega, já chega á prisão grávida e ameaçada pelas outras detentas, e só se safa por intervenção da acima citada Cláudia, que a acolhe e lhe dá guarida antes de sair da cadeia. Por fim Betânea, que após três anos presa, recebe o direito ao semi-aberto, e não se acostuma com o albergue, fugindo logo após e vivendo escondida da polícia. Todas elas cúmplices e vítimas do sistema, mas mostradas com a ternura que só uma diretora como Liliana conseguiu nos imprimir. Como bônus desse documentário temos também um documentário de curta-metragem chamado “A Invenção da Infância” de Liliana, que ganhou o prêmio de Melhor filme em Quebec, Canadá, em 2001, além de 15 outros prêmios no Brasil e exterior. Aqui ela mostra como as diferenças sociais levam algumas crianças a não terem infância, e que esse desequilíbrio se mostra não só entre os pobres mas entre as classes privilegiadas que imprimem nos garotos uma disciplina onde não sobra tempo nem para brincar. Dois ótimos documentários da nossa lavra.

3. Clássico do cinema

*SONHAREI COM VOCÊ (I’LL SEE YOU IN MY DREAMS). EUA. 1951.DIR.: MICHAEL CURTIZ.ATORES: DORIS DAY, DANNY THOMAS.MUSICAL.110 MIN.

Dez anos depois de sua morte, o músico e letrista norte-americano Gus Kahn foi homenageado com sua biografia romantizada em um filme estrelado pela maravilhosa Doris Day. Kahn ficou conhecido por músicas como “It HadTo Be You”, “Making Whoopee” e “Love Me Or Leave Me”. O filme é bem convencional e conta a história da vida de Kahn desde o começo em Chicago onde conheceu sua futura esposa Gracie, que lhe deu o rumo certo para o sucesso: escrever canções onde o maior tema seja o amor. Passeamos pelos altos e baixos do artista, até sua redescoberta anos depois,quando o mundo cultural se curvou à sua genialidade,lhe conferindo um status dado somente aos luminares como Ira Gerschwin e Johnny Mercer. Mas o grande trunfo desse filme é a adorável Doris Day, fazendo o papel de esposa de Kahn, onde ela nos brinda com canções que marcaram o destino de várias gerações.

4. Música da semana

Enquanto escrevia essa coluna fui curtir o álbum de sucessos de Doris Day, “The singles Collection”, que além de talentosa atriz, é uma cantora nota dez. Música da semana: Stardust, de Hoagy Carmichael.

Otávio Paiva
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