Cinema falado destaca filme "Eu, Tonya"

1. Lançamentos da semana

*EU, TONYA (I, TONYA). EUA. 2017. DIR: CRAIG GILLESPIE. ELENCO: MARGOT ROBBIE, SEBASTIAN STAN, ALLISON JANNEY. DRAMA. 120 MIN.

Filmado como se fosse um documentário, mas claramente fincado na ficção temos essa incrível história entre a rivalidade das atletas Tonya Harding (Robbie) e Nancy Kerrigan (Caitlin Carver) que se transformou naquele terrível evento ocorrido em 1994 que deixou o mundo chocado. A patinadora Tonya iniciou a carreira aos três anos de idade mas nunca foi aceita pela comunidade midiática norte-americana por não ser o modelo de atleta politicamente correta, apesar de ser uma excelente esportista. Depois de ser a primeira a conseguir fazer um salto triplo mortal numa competição e conseguir o título nacional além de ser campeã mundial na Olimpíada, ela acabou ficando conhecida pelo incidente que ocorreu com sua rival Nancy Kerrigan no dia 6 de janeiro de 1994 quando foi esfaqueada na perna. As investigações acabaram levando as pistas para dentro da casa de Tonya, mais precisamente no rastro de seu marido Jeff (Stan), que segundo as acusações das autoridades, estava envolvido com o ocorrido, e com isso a carreira de Tonya foi prejudicada para o resto de sua vida. No filme acompanhamos sua mãe LaVona (Janney) que abusa da filha de todas as maneiras físicas e mentais possíveis para que ela seja uma vencedora, e isso se reflete na vida adulta de Tonya em sua relação com o marido. A performance de Allison Janney conferiu-lhe o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, merecido devido ao seu imenso talento, mas Margot Robbie no papel de Tonya não fica para trás nesse filme que desmascara para o público um mundo onde a competição feroz e desumana é a tônica global.

*O JOVEM KARL MARX (LE JEUNE KARL MARX). FRANÇA. 2017. DIR: RAOUL PECK. ELENCO: AUGUST DIEHL, STEFAN KONARSKE, VICKY KRIEPS. DRAMA HISTÓRICO. 118 MIN.

Uma visão bem hollywoodiana da juventude do grande pensador alemão Karl Marx, um homem que deixou como seu legado um dos livros mais falados e menos lidos do mundo: O Capital. Acompanhamos sua vida na Alemanha com todas as dificuldades impostas a um judeu inteligente, sagaz e voluntarioso, e assim Marx aos 26 anos de idade embarca com a esposa Jenny (Krieps) para o exílio e em 1844 em Paris ele encontra o jovem Friedrich Engels, filho de um industrial alemão, mas que no momento investigava em Londres o nascimento da classe trabalhadora após a Revolução Industrial. Engels vai ser a pessoa que impulsionará a vida de Marx na sua nova visão do mundo, e juntos começam a escrever um livro que dará início ao monumental trabalho de Marx, mas antes passarão por provações como a censura aos seus textos, repressão policial, reuniões infindáveis com outras correntes de esquerda onde ninguém se entende, até desembocar na feitura do livro em conjunto, “O Manifesto Comunista”.  Um bom filme para quem quer entender um pouco da história da nossa política mundial, apesar de abusar de uma ingenuidade que já não cabe mais na realidade que vivemos.

2. Cult-movie

*TRÊS ESTAÇÕES (THREE SEASONS). DIR.:TONY BUI.ATORES:HARVEY KEITEL,DON DUONG.DRAMA.113 MIN..

Harvey Keitel é daqueles atores que fez história no cinema mundial, começando a carreira juntamente com o genial diretor Martin Scorsese, onde atuou em seus primeiros filmes fazendo CAMINHOS PERIGOSOS, TAXI DRIVER e outros. Continuou a carreira de maneira brilhante alcançando o estrelato com O PIANO, um dos grandes sucessos de todos os tempos e, desde então, sempre procura descobrir talentos fora da rotina de Hollywood. Aqui ele descobriu o diretor Tony Bui, um vietnamita que foi para a América com os pais quando tinha 2 anos, cresceu na ensolarada Califórnia e aos 19 anos voltou ao seu país para resgatar o seu passado. Desta experiência o jovem diretor tirou algumas lições para fazer este belo filme de muito lirismo e realismo social. Três histórias se desenrolam na antiga capital do Vietnã do Sul, Saigon, hoje chamada Ho Chi Mihn. O diretor mostra a transformação de uma sociedade que era comunista e passa a viver com valores ocidentais, através do personagem de uma jovem que recolhe botões de lótus nos arredores de um templo onde mora um mestre recluso que sofre de lepra. Na outra história, Hai é um condutor de taxi – bicicleta que se apaixona por uma prostituta de luxo. E por fim temos um garoto que vende chicletes e que conhece um soldado americano (Harvey Keitel) que havia retornado ao Vietnã para buscar a filha que deixou para trás. Todos esses personagens vivem a contradição entre o comunismo já morto e o capitalismo que vive a sua maior crise de valores.

3. Música da semana

Enquanto escrevia essa coluna fui ouvir o álbum novo da britânica Lisa Stansfield. Música da semana: Billionaire.

Otávio Paiva
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