Céu de Brigadeiro

Ontem o céu estava azul como, aliás, tem acontecido normalmente nos últimos meses. É o chamado céu de brigadeiro, aquele em que a maior autoridade da aeronáutica gosta de voar, pois tudo fica mais fácil, a vista é mais bonita e os perigos praticamente desaparecem. Divinópolis tem o seu céu límpido, principalmente em razão de ter um campo de pouso muito bom, com estudos avançados para aumento de pista, pois, em caso de necessidade, aeronaves maiores poderiam aqui descer com tranquilidade.

Tudo certo e combinado? — Não. As autoridades locais sequer têm planejamento adequado, para que um simples voo da Azul (coincidência com o céu?) ligando a cidade a São Paulo via Campinas não sofresse paralisação. A administração anterior fez das tripas coração para que o aeroporto fosse devidamente equipado e remodelado, mas o prefeito sucessor, juntamente com quem o auxilia, parece desconhecer a importância desta rota aeronáutica para a cidade e região.

Provavelmente, como nos velhos tempos, ainda se pense que quem anda em aviões são apenas pessoas ricas e não quem deles precisa. E assim, os esforços de Vladimir Azevedo (PSDB), tão criticado pelos que estão hoje na Prefeitura, foram por água abaixo e a cidade volta a ser a velha “Princesinha do Oeste”, hoje um apelido nada carinhoso já que cidades de menor expressão estão apertando o já dilacerado PIB municipal.

Para não perder de vez os voos da Azul, Divinópolis precisou contar com a clemência da iniciativa privada, que repassará para a nova empresa gestora do Brigadeiro Cabral R$ 55 mil todo mês. A contrapartida da Prefeitura será de apenas R$ 42 mil. O repasse representa uma economia de R$ 126 mil mensais nos cofres públicos, uma vez que o Município pagava R$ 168 mil para a antiga gestora do aeroporto.

E enquanto providências são tomadas como forma de remediar a falta de competência do governo Galileu, o melhor a se fazer é voltar os olhos para o que anda acontecendo no meio político, principalmente entre os vereadores, que já começaram a se assanhar em direção à mudança de presidente da Câmara, que só ocorrerá em dezembro. Em campo, como sempre está, Rodrigo Kaboja (PSD) e um time que julga que é seu. De outro lado, o equilibrado e tinhoso Marcos Vinicius (Pros), que pensa em formar o seu time. Será uma parada interessante entre os dois, pois, se de um lado está Galileu, que “fez” na marra o presidente da Câmara, Adair Otaviano (MDB), no início de 2017 e que tende a apoiar Kaboja, do outro tem-se Marcos Vinicius, que já tem como certos os votos de todos os dissidentes e que hoje, mais ou menos, encontram-se na oposição.

Não é por nada que Galileu tem perdido todas as paradas na Câmara, já que não tem estofo, uma cama política que o abrigue com certa tranquilidade. A base do prefeito é frágil. Se apertar, entrega.

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