Camelódromo e vendedores de rua, que têm de comum em Divinópolis?

A situação dos vendedores ambulantes de rua e o Camelódromo de Divinópolis está virando "palhaçada".

Cidadãos que buscam o trabalho honesto sendo humilhados e pisoteados em sua dignidade todos os dias no Centro de Divinópolis, e nós, testemunhas de tamanha aberração.

Entendemos que, caso o setor de fiscalização da Prefeitura tivesse estrutura para o trabalho permanente, que o fizesse, pois está dentro da lei – deixando claro que nada temos contra os trabalhadores.

Mas, ao contrário, pegam dois carros do setor de fiscalização, alguns fiscais, obrigam à Polícia Militar a segurança e sua guarda, saem às ruas à captura dos trabalhadores no Centro da cidade, como cachorro corre atrás de gato, situação que beira abuso de poder.

Passa a manhã, os fiscais retornam às suas mesas, guardam as viaturas, e os ambulantes voltam tudo para rua – coisa mais bizarra, andando pela calçada, passa o vendedor correndo dizendo: "foram embora, vamos, vamos trabalhar" – situação humilhante, meu Deus!!!

Pergunta: que querem os ambulantes? Trabalho, nada mais.

Quanto aos camelódromos, até hoje reservamos nossa opinião.

A verdade é que os ambulantes foram fixados na rua São Paulo de forma totalmente inadequada, plantaram um sonho de trabalho e dignidade, mas, na verdade, de pano de fundo, existiu uma politicagem para ganhar voto.

Na prática, a Prefeitura interveio em coisas do mercado de consumo, coisa que devíamos evitar, pois o ente público tem muitas obrigações essenciais para tomar conta, como segurança, educação, saúde etc.

Aposto que, se não tivesse instalado o camelódromo, todos os trabalhadores e suas famílias já estariam com suas lojas montadas, em espaços alugados e dignos de condições de trabalho.

Quem não se lembra da última chuva que levou o telhado do Camelódromo? Justamente pela precariedade do lugar, da estrutura, das condições de trabalho.

Quando chove, os fornecedores de produtos e consumidores ficam na chuva, quando é calor demais, sob forte sol, o que evidencia condições precárias e indignas de trabalho.

Agora, vamos dizer a verdade, colocaram eles lá há anos, e de repente o rei quer tirar? Chutar seus traseiros? Como chutam por aí cachorro?

Confesso que, até hoje, meses dessa celeuma implantada pelo rei, não vejo justificativa plausível para tamanho disparate: em um curto período retirar os camelódromos e suas famílias da rua São Paulo, e pior, às vésperas do período em que mais vendem que é o Natal, fim de Ano?

O prazo que deram é vergonhoso. Nossa opinião era de um acerto de no mínimo seis meses para adaptações, período menor, é desrazoável.

Engraçado é dizer que se o rei tivesse conferido esse prazo desde o início, o tempo já estava correndo – mas, ao contrário, mais uma vez, tem como pano de fundo a politicagem divinopolitana – naquele pensamento: "eu bato, você sopra". É óbvio que alguns que se dizem representantes do povo estão tirando proveito político desse drama que vivem esses trabalhadores e suas famílias.

Saem da discussão como heróis, enquanto esse povo vive verdadeiro tormento, uma insegurança sem tamanho, não dormem, não comem, não têm sossego nem para trabalhar, como os trabalhadores de rua, os ambulantes.

Vejam que as duas classes têm algo de comum em Divinópolis, a indignidade patrocinada pelo rei.

Na contramão andam o Governo Federal e Estadual, que buscam na livre iniciativa dias melhores, a concorrência, o trabalho digno, enquanto o executivo prestigia os ricos, os empresários, os apadrinhados, os comissionados, gente da alta sociedade que tem porta fácil em seu gabinete no alto da Paraná.

Engraçado que o rei disse ser prefeito dos pobres. Resta saber que pobres ele defende, se em todo canto onde os pobres moram e trabalham, o município capenga dignidade.

E, revendo a foto do camelódromo, vocês viram o lema da Prefeitura? "Respeito ao trabalhador e ao cidadão" – como assim? Que dignidade tratam eles para seu povo?

A verdade é que é melhor mudar o lema, pois, se quisessem dar dignidade a todos os camelódromos e suas famílias, aos trabalhadores de rua, o rei respeitaria a peculiaridade desses comércios, tratando-os com respeito.

Eles querem o mesmo respeito dado ao empresário do ABC, ofertando-lhe um bom imóvel para montar sua empresa, tudo com diálogo e propósitos de melhora para cidade – tanto que ofereceram todo o aparato governamental.

O lema do rei era: "Deixa o homem trabalhar" – agora queremos: "Deixa o povo trabalhar".

Em Bom Despacho, minha família e eu fomos camelôs, na porta do Banco Itaú, trabalho a que recorremos depois de uma grande crise em minha família nos anos 1990/1992 – trabalho que colaborou para reestruturação da minha família – aí te pergunto: que problema tem de ser camelô/vendedor ambulante? Que problemas geram à cidade? O que perde Divinópolis com os camelódromos? Por que tanta maldade? Tanta desumanidade?

Eu apoio todo e qualquer cidadão que quer trabalhar honestamente, com isso, fomentamos o comércio de toda a cidade. Quem compra dos camelôs, compra dos demais comerciantes – tem lugar para todos, para todos os fornecedores de produtos e serviços.

Entendemos que o rei deve mudar seu pensamento para com esses trabalhadores, antes que as coisas virem caso de polícia, pois de Justiça já se tornou... É pena de que nesses episódios nem sempre a Justiça ouve o clamor do mais fraco.

 

Eduardo Augusto Silva Teixeira – Advogado

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