Cai a 8ª República

INOCÊNCIO NÓBREGA 

Felício Buarque, no seu livro “Origens Republicanas”, para efeito didático, divide os acontecimentos da história do Brasil em cinco períodos ‒ último dos quais o republicanismo. É nele que o armador pernambucano Manoel Paes de Andrade solta esta expressão: “República, e só República, e morra, para sempre, a tirania real”. O desabafo guardava perfeita sintonia com os sentimentos autonomistas dos momentos coloniais pré-independência. Por outro lado, o jornal “Revérbero Constitucional Fluminense” abria as páginas ao debate sobre o tema, que ainda apaixona segmentos da sociedade, hoje, quanto mais de ontem, ocorrendo instabilidades entre classes dominantes, conservadoras e liberais, refletidas pela ordem instituída em França e nos EUA.

Palavras que ecoaram fortemente, sob a liderança de Pernambuco, ao eclodir a Revolução de 1817, instalando-se a 1ª República Federativa, composta de províncias da região. Como reforço, José Martiniano de Alencar proclamava a República do Crato, no Ceará, o que seria a 2ª. 

Já estávamos em 1822, em Goiás, basicamente o território de Tocantins, liderado pelo ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, no caso a 3ª República, cuja sede passa de São João de Duas Barras para Cavalcante. A República, o que seria a 4ª, ressurge no Nordeste, em 1824, com a Confederação do Equador. A 5ª, a República Rio-Grandense (1835-45) ou Farroupilha, a qual sobejamente a conhecemos. A Baiense (1837/38), de caráter transitório, 6ª no nosso elenco. Ainda no solo gaúcho, a República Federalista (1892), a 7ª, então. Sem exceção foram elas tragadas pela força impiedosa da soldadesca reinol, com prisões e matanças de nossos compatriotas.

Na verdade, existiram outras, localizadas, sem muita interferência na vida política do Brasil: Colônia Cecília (1890), deflagrada em área do atual município paranaense de Palmeira, por grupos anarquistas; República da Estrela, objetivando a autonomia de dois municípios paraibanos, em fins do século XIX. Durou, apenas, três meses. A chamada República de Princesa, que visava à derrubada do pres. João Pessoa. 

Dezenas de patriotas submetidos, sumariamente, à forca, e muitos tantos degredados, todos por uma só bandeira, a independência, já, do Brasil. Naturalmente, a República de Curitiba, ora desmoronada, aqui a 8ª da esfera republicana, tinha desvirtuados fins, agora desvendados pelo STF. A cartilha, batizada de Operação Lava Jato, conduzida por um juiz parcial, foi formatada por uma legislação espúria, o lawfare, maculando a própria Justiça. Em nome do rei, condenando à revelia de procedimentos legais e com propósitos políticos, pessoas supostamente desonestas, mas que no bojo, perante a história, podem se equiparar àqueles que no passado sofreram os rigores do chicote opressor.

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