Buracos

Buracos I

Reza a lenda que em Santo Antônio do Monte um padre foi morto assassinado e que havia escrito em uma pedra que a cidade acabaria em buracos. Na minha infância procurava por essa pedra quando ia com minha mãe buscar lenha. Eu me lembro que buscávamos em uma área realmente esburacada. Depois aprendi na escola que era devido à erosão.  Na cidade, as ruas e passeios dão gosto de ver. Cidadão e Poder Público, conscientes.  Em Divinópolis não se fala em erosão, mas de buracos nas ruas, causados por uma coisa pior: serviços públicos de péssima qualidade. A título de exemplo, a rua que vai do Centro para o Divinópolis Clube, a São João Del Rei, é uma vergonha. Aliás, duas coisas que envergonham o nome São João Del Rei em Divinópolis: a rua citada e o campus de nome Lindu da Universidade Federal. Campus Professora Helena Alvim é que deveria se chamar. Helena Alvim é sinônimo de compromisso com educação de qualidade. Que Palmério Ameno possa ver o nome de sua Helena dando nome ao campus que é referência em ensino público. Estamos na torcida!

 Buracos II

Bom, voltando ao assunto.  Além das ruas, há os passeios! O vereador Roger Viegas (Pros) trouxe a baila os problemas vividos pelos moradores dos bairros Santa Luzia e Planalto, pois em alguns casos, leia-se grandes empresas, estas nem passeio possuem. Ou seja, os transeuntes ali transitam correndo riscos. Mas, o problema não é próprio do bairro Planalto. Em toda parte da cidade os passeios estão em situação calamitosa. No Centro há buracos em frente aos órgãos públicos e não raras vezes presenciamos idosos tropeçando e caindo.  Vendo a situação das ruas e dos passeios, constata-se que ninguém faz seu dever de casa, nem o Poder Público e nem o cidadão. A praga do padre, se é que existe,  mudou de endereço. Só pode!

Estrela do Oeste Clube

Enquanto o Divinópolis Clube está se tornando um parque aquático de excelente qualidade, graças à gestão de Juninho Chumbreca e equipe, a situação do Estrela é perturbadora. Segundo informação, o clube passará a cobrar mensalidade dos sócios remidos. Os comentários são no sentido de que o clube está em estado de calamidade financeira. Nas redes sociais não se fala em outra coisa. Se for verdade, é lamentável. O clube faz parte da bonita história de Divinópolis. Como contar a história da cidade sem citar o clube?  Clube que abrigou concursos de miss, shows, casamentos, competições,  formaturas,  posses, bailes e muito mais?  O Estrela era sinônimo de glamour. Quem não se lembra dos bailes pré-carnavalescos “Zélia Brandão abre as cortinas do passado?” Nossa encantadora Zélia Brandão transportava os convidados aos famosos bailes das marchinhas de carnaval de outrora, ao melhor estilo do Copacabana Palace.  Estrela do Oeste Clube, o "sonho de meninos descalços".  Ter uma cota no clube foi um sonho que só consegui realizados há uns quatro anos. Foi um sonho sonhado durante anos. Não pode ter sido em vão!  Que os meninos descalços voltem a sonhar!

Servidor público

Semana retrasada falei sobre a questão do servidor público ser passível de demissão, conforme tramitação em Brasília. Discordo plenamente! Entendo que a estabilidade está intrinsecamente ligada à imparcialidade e à impessoalidade. Não se pode esquecer que o processo administrativo para apurar faltas disciplinares já existe e pode resultar em demissão a bem do serviço público. Mesmo não havendo demissão na forma em que está em tramitação, já há a perseguição. Servidor pode não agradar e ser removido para bem longe dos seus, tirando-lhe de tudo que é significativo, tais como família, amigos, outro emprego. E TODOS, estão sujeitos à perseguição, inclusive magistrados. Segundo me relatou um juiz federal, já houve caso de juiz ser penalizado simplesmente porque não aceitou que o filho de um desembargador, estagiário de Direito em um escritório particular, adentrasse a secretaria e verificasse os processos. Um dia esse juiz, ex-defensor público, ao presenciar a cena, determinou a limitação do acesso à secretaria. Ainda teve quem dissesse: “Mas Excelência, ele é filho de desembargador, tem livre acesso a todas as secretarias.” Ele foi enfático: “na minha secretaria, não”. Aí começou seu inferno!  Foi perseguido, adoeceu, entregou-se ao alcoolismo. Morreu há alguns meses. Imagine se houvesse demissão para todos os servidores públicos, na forma proposta? Simplesmente seria demitido, antes de dizer a frase que o condenou à perseguição. Assim, quem ganha com o fim da estabilidade?  O cidadão comum? Não se iluda! Ganha o poderoso, o figurão, o “sabe com quem está falando?”.  Um dia poderemos ter servidores públicos sem estabilidade? Claro que sim, só vai depender de nossa evolução. A persistirem os números negativos que nos envergonham, não viveremos para ver isso.

Adriana Ferreira é advogada

[email protected]

Comentários