Brincando de legislar

 

Enquanto Divinópolis desaba em problemas, os vereadores brincam de legislar. Deslumbrados com as redes sociais e com o boom dos vídeos, o que a cidade está precisando fica de fora dos discursos. Na reunião ordinária de ontem, o presidente da junta de recursos do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Divinópolis (Diviprev), Darly Salvador, ocupou a Tribuna Livre e deu um “tapa na cara” dos vereadores. Há muito tempo os parlamentares estavam precisando de um discurso como o que foi feito pelo presidente da junta. De tempos em tempos, este Diário sempre questiona a atuação dos parlamentares, que parecem estar perdidos. Preocupados apenas com as curtidas, compartilhamentos e visualizações, se limitam a gravar vídeos em buracos espalhados pela cidade e mato que invade ruas e calçadas até na região central da cidade.

Como muito bem resumiu Darly, o Poder Legislativo de Divinópolis se limitou apenas a dois assuntos: buraco e capina. Enquanto Divinópolis se deteriora com grandes obras paradas, escândalos e, recentemente no Diviprev, os vereadores brincam de legislar. Tudo se resume a discursos revoltados contra a Prefeitura. Quando não são os vídeos, os parlamentares estão focados em instaurar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) que não dão em nada. Cada dia uma nova CPI, a maioria com intuito político. 

O presidente da junta de recursos pontuou muito bem que o homem não precisa ter nada na vida, mas precisa ter vergonha na cara.

Diversas vezes, os divinopolitanos viram alguns vereadores chorarem na Tribuna Livre, e outras muitas vezes ouviram discursos inflamados contra o governo municipal. Mas, muitos sequer imaginam o que está por trás de tanta revolta, de tanta indignação. É como dizia o ex-presidente da Câmara, Adair Otaviano: “O vereador vem aqui, fala mal do prefeito, mas está lá comendo um pedaço do bolo da avenida Paraná”. E aí cabe a você, leitor, fazer a interpretação desta frase. Dignos de Oscar, os vereadores não conseguem fazer um projeto de lei sequer à altura da cidade, enquanto isso, a princesinha do Oeste se afunda. Eles brigam, batem no peito e esbravejam que são oposição ao prefeito, porém há de se questionar: que oposição é essa? O que essa dita oposição tem trazido de bom para Divinópolis?

Com pouco 240 mil habitantes, a maior cidade do Centro-Oeste não conseguiu eleger legisladores que trabalhem por ela. A Câmara virou um circo, e os divinopolitanos, os palhaços, com direito a nariz vermelho e tudo mais. O midiatismo barato tomou conta, o povo aceita, e fica por isso mesmo. É triste, é muito triste ver que de “boas intenções” a Câmara está lotada. Cada dia é um novo vídeo, cada dia é uma nova CPI, cada dia uma denúncia no Ministério Público (MP). E nada, absolutamente nada, é feito. A cidade afunda lentamente, enquanto se brinca de legislar, e a princesinha do Oeste vai perdendo o seu lugar de destaque nas gerais.

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