"Briga política"

Preto no Branco

A aquisição e distribuição de vacinas, um dos motivos da “guerra declarada” entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), ganhou novos personagens. Não lá pelas bandas de Brasília e São Paulo, mas aqui em Minas Gerais mesmo. E olha que já tem pelo menos uns dois meses. Vira e mexe, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), manda umas “diretas já” para o governador Romeu Zema (Novo), que, por sua vez, costuma responder de vez em quando, mas com aquele jeito de ser calmo, educado, mas também cutuca. Nesta semana, por exemplo, Kalil disse ao jornal Estado de Minas que o governo "não é dono da vacina" e que o povo é o maior prejudicado pelo que chamou de "briga política". Sem dúvida que, sim, isso é de praxe. O prefeito só se esqueceu de um detalhe: ele está no meio desse imbróglio todo simplesmente porque já anteciparam – outros também – a disputa de 2022.

Reflexo aparece 

O ritmo de vacinação lento na capital é o reflexo dessa disputa antecipada entre o governo estadual e o municipal.  A Prefeitura diz que tem recebido menos de 12% das doses entregues a Minas, enquanto o governo alega que se trata de uma compensação, já que a capital recebeu 100% das primeiras remessas das vacinas da Pfizer. Do seu lado, Kalil diz que BH é a “nave mãe" entre as cidades do estado. Por sua vez Zema fala que outros municípios precisam adiantar também seus processos de imunização. E interessante é que, depois das trocas de farpas, o prefeito disse que o embate com o Romeu Zema ''está apaziguado''. Joguinho manjado no meio político e que a população “cai como um pato” a cada eleição. 

Falha e lenta 

Tem um ditado bem conhecido dos brasileiros que muita gente ama falar: “a justiça tarda, mas não falta''. No entanto, para o Brasil, esta frase está longe de condizer com alguma verdade. Por aqui, as decisões falham, demoram e, muitas vezes, nem acontecem. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) comprovam esta realidade. Conforme o órgão, entre o início de uma ação e a sentença podem se passar anos ou mesmo décadas. Pior ainda: o crime pode prescrever. E a percepção generalizada de que o nosso Judiciário anda a passos de tartaruga leva o país a figurar em 30º lugar entre 133 nações quando o assunto é lentidão. Para quem não se lembra de casos que ganharam repercussão nacional em que não houve nem apreciação dos processos ou relaxamento de prisões, Lázaro Barbosa está aí para refrescar a memória. Sujeito com uma ficha criminal gigante, considerado de alta periculosidade, mas com histórico de entra e sai de prisões, privilegiado. Claro que as leis brasileiras não ajudam, mas tem casos que realmente não dá para entender. 

Culpa da polícia? 

Quando não se acha em quem jogar a responsabilidade, os dedos são apontados para “quem se acha na frente”. Neste caso, nelas, sempre em evidência, e muitas vezes preferidas, as redes sociais, diversas críticas às polícias – Federal, Civil, Rodoviária e Militar – que atuam incansavelmente nas buscas pelo fugitivo são a bola da vez.  São chamadas de lentas, desorganizadas e até ineficazes. Fácil demais falar quando se está do outro lado da situação. Difícil é se colocar no lugar de quem sai para trabalhar sem destino, sem horário, sem local, dia, noite e sem saber se volta para casa. Coloca lá os juízes que assinaram as ordens de soltura, quem sabe não dão conta? Eles e muitos que fazem as polícias “enxugarem gelo” que deveriam estar à frente de ações como essas. Quem sabe assim, da próxima, pensariam duas vezes antes de dar a canetada. 

Momento certo 

A Frente Parlamentar de Defesa e Apoio das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos será reativada. A informação vem do deputado estadual Arnaldo Silva (DEM). A frente atuou entre 2015 e 2018, e seu retorno se dá, conforme o parlamentar, em um momento crucial para os hospitais, às voltas com a pandemia de covid-19. Justíssimo. Essas unidades de saúde estão aquém do que elas precisam e merecem. O Complexo de Saúde São João de Deus que o diga! 

 

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