Bananeira do Planalto

Inocência Nóbrega 

Banana é uma das frutas tradicionais, preferida na dieta das classes mais pobres e bastante praticada pelas categorias esportivas, em especial dos corredores. Isso se deve à sua riqueza em carboidratos, uma das fontes energéticas, rapidamente absorvidas pelo organismo.  O cuidado de que se tem agora é pela adição do transgênico na sua plantação. Jacobo Arbenz Gusman, em 1954, foi deposto da presidência da Guatemala, por expropriar companhias bananeiras norte-americanas. O Equador dispõe de sete mil produtores, país que exporta para o Brasil, transação que está recebendo entraves por parte do governo brasileiro.

O termo originário e seus derivados vêm sendo usado como críticas a ineficientes gestões nacionais dos países (República de Bananeiras), bem como nas vendas de ativos, destacando-se os nacionais, por preços muito aquém de seu valor real.  FHC vendeu a Vale do Rio Doce por menos de US$ 10 bilhões, quando valia mais de 90, isto é, “por preço de banana”. Brumadinho atesta o resultado dessa desastrosa privatização.

Usado por povos com outra simbologia, a expressão de dar banana traz um gesto obsceno, grosseiro e ofensivo, vindo de Portugal. Caracteriza-se pela dobra de um braço de punho, perfilando órgão masculino em riste. Nos últimos dias, é forma natural de Bolsonaro se comunicar com os repórteres que o procurem.  Não é exclusividade sua, segundo o artigo de Leonardo Sakamoto, colunista da UOL, ao lembrar seu emprego por uma novela da Globo, quando da Constituinte: “Bananada ao Brasil”!  Por duas vezes o mandatário usou desse expediente. No início de fevereiro, a um grupo de jornalistas, o qual indagava a respeito de sua declaração, aliás, que repercutiu negativamente, de que cada portador de Aids reflete numa despesa para o Brasil, chegando a sugerir a abstenção, precoce, do sexo. A exibição se repetiu, uma semana após, no mesmo estilo, no Palácio da Alvorada. Os profissionais da imprensa tão só cobravam palavras em função, aliás, criminosa, ao parcial desmonte da Biblioteca, existente no Palácio do Planalto, a fim de abrigar sua esposa, que detém uma determinada função social.  A reação física seguiu de palavras, também desairosas.

Críticas ao comportamento do primeiro mandatário já se fazem sentir nos meios de comunicação. Uma delas: “a síntese e símbolo da concepção que a gorilagem faz”. Talvez se referindo à recente decisão de remanejar sua assessoria palaciana, trazendo mais efetivos militares, que na época da ditadura recebiam a pecha de gorila, um apreciador nato da banana. Ou seria uma bananeira fincada no Planalto, o suficiente para suprimir a importação equatoriana?

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