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O Dia da Mentira, celebrado ontem, 1º de abril, foi criado há mais de 500 anos na França, mas nunca foi tão real como nos tempos atuais. Em um momento em que as fake news reinam absolutas, a data, tida por muito apenas para pregar peças em alguém ou enganar pessoas mais próximas com notícias falsas, é mais real do que nunca. Resta saber até quando muito “bobos” vão continuar causando até desavenças e processos por acreditar e passar para frente.

Corte

E a disseminação não tem se limitado apenas a rivais políticos e não foi tão grave somente no período das eleições de 2018, mas chegou à Justiça e atingiu a mais alta corte do País. Tanto que resultou em inquérito criminal que tem à frente o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. O objetivo é apurar a existência de notícias falsas, denúncias caluniosas e ameaças e crimes contra a honra que envolvem os ministros da corte e familiares deles. Motivos a população tem, mas não justifica atacar as autoridades, principalmente por meios falsos.

Campanha

Quem tem costume de produzir este conteúdo ou gosta de compartilhar é bom fica atento. Além do STF, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu guerra contra esta prática. O Conselho lançou uma campanha na internet para combater as notícias falsas, com a hashtag #FakeNewsPerigoReal. Além da campanha online, CNJ e STF preveem parcerias com agências de checagem de fatos para desfazer rapidamente boatos sobre o Judiciário. Faltou uma peça importante: o cidadão. Também vítima, não só de fake news, paga tão caro os membros da Justiça, mas não é lembrado.

Divulgação

A internet é o canal escolhido para a publicação. Serão veiculadas peças sobre o perigo causado por notícias falsas, como o caso de uma mulher que morreu espancada no Guarujá (SP) após ser erroneamente acusada de praticar magia negra em crianças. A campanha chama atenção também para notícias verdadeiras, mas antigas, sendo compartilhadas fora de contexto, incentivando os cidadãos a, na dúvida, não repassar a informação.

Assunto do Twitter

E o 1º de abril também ficou marcado por outras ações. Internautas tiraram o dia para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro. A manifestação virtual transformou a data no Bolsonaro Day, e fez a expressão chegar ao topo da lista de assuntos mais comentados no Twitter. Alguns lembraram episódios e frases polêmicas do presidente, como as denúncias de uso de notícias falsas durante as eleições e a negativa de que o regime militar foi uma ditadura. Como se vê, mesmo sendo dia da mentira, o 1º de abril rendeu em todos os sentidos. 

Manifesto

E o dia da mentira foi realmente para tudo. Reclamações, piadas, campanha e até desabafos. Um grupo de diplomatas brasileiros divulgou um manifesto de repúdio às declarações de Jair Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo em defesa do golpe militar de 1964. A narrativa do material usa a mesma definição adotada pelo presidente e alguns de seus ministros militares para classificar o fato histórico. Para eles, a derrubada de João Goulart do poder, que marcou o início do período de 21 anos de ditadura militar no Brasil, foi apenas um movimento para conter o avanço do comunismo no País.

'Se deixar capturar'

Os diplomatas repudiam também declarações do presidente em relação às ditaduras de Alfredo Stroessner, no Paraguai, e Augusto Pinochet, no Chile, e lembram que a Comissão Nacional da Verdade fez diversas recomendações ao Itamaraty "entre elas a de compreender como foi possível 'se deixar capturar' pelo envolvimento direto na repressão, com graves consequências para as vidas de muitos cidadãos brasileiros". Na verdade, ninguém fala nada com nada, o que é afirmado passa a ser um equívoco, ações não são colocadas em prática, a expectativa termina em decepção e assim se segue apenas à espera de quê? Ninguém sabe, pois é uma surpresa atrás da outra.

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