Adoção é tema de discussão na Câmara

 

Matheus Augusto

À espera de uma família. Esta é a realidade de cerca de 50 crianças e adolescentes que vivem em três abrigos em Divinópolis. Pensando nesta situação, a Câmara realiza, hoje, às 14h, a roda de conversa “Adoção, Direito de Ter Família”, entre vereadores, alunos, advogados, psicólogo e assistente social. O encontro será em referência ao Dia Nacional da Adoção, comemorado em todo o Brasil no dia 25 de maio.

Tribuna

A vereadora Janete Aparecida (PSD) destacou que uma das causas para haver tantas pessoas em abrigos é o perfil buscado por quem quer adotar.

— As crianças em adoção tardia e em grupos de irmãos, infelizmente, não são adotadas. A maioria em abrigos hoje, mais de 92%, são crianças a partir de nove e dez anos de idade, até os dezessete anos. E, infelizmente, as pessoas acham que elas não podem ser adotadas, mas podem. Nós temos mães que já adotaram adolescentes, com quatorze e quinze anos, e são muito felizes. Felizes por estarem dando a esse adolescente o direito de ter uma família, e a ela mesma a chance de ser mãe, de ser pai — afirmou a vereadora em seu pronunciamento.

Os dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) confirmam a declaração da vereadora. Cerca de 74% das pessoas com intenção de adotar em todo o país aceitariam apenas crianças com até cinco anos de idade. Além disso, enquanto 11,21% dos pretendentes afirmaram ao CNA ter a intenção de adotar crianças com até um ano de idade, apenas 0,13% adotariam crianças com até 17 anos.

Atualmente, em todo o país, são 45.991 pessoas interessadas em adotar, e 9.524 crianças e adolescentes já estão aptos para ser adotados. Outras 47 mil pessoas ainda estão “em situação indefinida e inseridas em programas de acolhimento institucional”, segundo a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Em Minas Gerais, cerca de seis mil pessoas estão cadastradas para adoção, quase 13% do número em todo o país.

Leis

Janete também aproveitou seu tempo na tribuna para ressaltar que é preciso mudar esta realidade. Um dos modos de melhorar essa situação, segundo ela, é o aprimoramento das leis.

— Nós precisamos realmente mudar esta realidade da adoção no Brasil. Precisamos fazer este enfrentamento. Carecemos também de garantir que as crianças tenham família. Mas nós precisamos ainda que a lei seja melhorada, porque ainda existe um descumprimento e uma burocracia muito grande — defendeu.  

Segundo a vereadora, a situação é preocupante, pois, com o passar do tempo, as chances de adoção diminuem.  

— Nós temos crianças que já moram em abrigos há dez, doze anos. E isso não só em Divinópolis, mas no Brasil inteiro. Na cidade, hoje, nós temos mais ou menos 50 crianças abrigadas, nos três abrigos existentes. E isso é muito triste. Se uma cidade como a nossa, que é pequena, tem esse número, imaginem como fica a situação no Brasil inteiro — destacou Janete.

 

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