A pobreza é um mistério

PARA DIA 26 DE AGOSTO DE 2021 

Augusto Fidelis - A pobreza é um mistério

Certa vez, fui a uma casa comercial comprar algo. O comerciante, na dificuldade de resolver a questão do troco, pedi a ele que arredondasse a meu favor, e adverti: “Olhe, quem dá aos pobres empresta a Deus”. Ele olhou-me com severidade e disparou: “Onde está isso na Bíblia?”. Fiquei boquiaberto, porque a Bíblia está recheada desta verdade: “Oprimir o pobre é ultrajar o seu Criador, mas tratar com bondade o necessitado é honrar a Deus” (Provérbios 14:31).

Em Isaías (66,1-2) encontra-se o seguinte texto: “Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra é o apoio dos meus pés. Que casa me haveis de fazer, que lugar para o meu repouso? Tudo isto foi a minha mão que fez, tudo isto me pertence – oráculo do Senhor. Eis para onde estão voltados os meus olhos: para o pobre e o abatido, para aquele que treme diante da minha palavra”.

Como se pode enxergar nas palavras ditas acima, tudo pertence a Deus. Então, por que existem ricos e pobres? Há de se lembrar, porém, que existem duas formas de pobreza: aquela em que o indivíduo é carente das condições básicas para a sobrevivência, e a outra é espiritual. Os ricos, com poucas exceções, vivem na opulência, mas alheios ou distantes da presença de Deus. Os desvalidos, no entanto, também com raríssimas exceções, são pessoas de muita fé, que confiam no Senhor.

Os textos sagrados lembram que sempre haverá pobres na face da terra, mas que eles serão sempre lembrados por Deus. Diante desse contexto, pode-se dizer que a pobreza é um mistério. A maioria das pessoas nasce, vive e morre na pobreza, mas sempre crédula e confiante. Por quê?

Ao agradecer a Deus por suas maravilhas, o salmista assim canta: “Pois é ele que liberta os pobres que pedem socorro, os deprimidos que não têm quem os ajude. Ele se compadece dos fracos e dos pobres e os salva da morte” (Salmo 72: 12-13).

Segundo Lucas (6:2021), certa vez, Jesus olhou para seus discípulos e disse: “Bem-aventurados os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus. Bem-aventurados vocês que agora têm fome, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados vocês que agora choram, pois haverão de rir”. Jesus tinha alguns amigos ricos e nunca condenou a riqueza, mas condenou o uso que se faz dela. Pode ser rico, avarento não. Por isso, muito antes de Cristo, Tobit recomendou a seu filho Tobias, que saía de viagem: “Dá do seu pão aos que têm fome, de tuas roupas aos que estão nus”.

Quando vejo algumas igrejas prometendo, em nome de Jesus, fortuna a quem se filia às suas fileiras, fico em dúvida: Jesus não prometeu riqueza material a seus seguidores, mas o Reino de Deus. Quem prometeu riqueza foi o outro. Aliás, são tantos mistérios! [email protected] 

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