A Palestina pede socorro

CREPÚSCULO DA LEI – ANO III – CXXXI

 

A PALESTINA PEDE SOCORRO

Há certo temor em se estabelecer críticas à violência de Israel nos territórios ocupados no Oriente Médio perpetrada contra a população palestina.

Boa parte desse temor é decorrente do receio de se comprometer a vitimização do holocausto sofrido pelos judeus na segunda guerra mundial, bem como dos campos de concentração contra eles utilizados, caracterizando tais práticas como símbolo da mais extremada violência que um ser humano pode impor ao outro em situações de beligerância. Inegavelmente foram atos de barbárie e história alguma pode negar o sofrimento da comunidade judaica. Trata-se de um episódio cruel, que deveria ser considerado para as gerações seguintes como práticas a JAMAIS serem repetidas.

Deveria.

Entretanto, é exatamente por conta dessa barbárie do passado que a violência presente contra os palestinos deve ser trazida a público, e não ocultada sob a semântica discreta do “conflito” no Oriente Médio.

Na realidade (não mostrada) não existe “conflito” conforme a ONU, mas um extermínio, um massacre que envolve práticas equiparadas a “holocausto” e campos de concentração contra os palestinos em tempos atuais, ou seja, está acontecendo e não mostrado (sob esse aspecto recomenda-se (man)ter à vista as diversas resoluções da ONU condenatórias por atos de violência excessiva perpetrados por Israel contra a população palestina).

Primeiramente há que se esclarecer que Israel possui um dos exércitos mais poderosos do mundo, inclusive detentor de vasto arsenal nuclear e armas de destruição em massa – tão desautorizado quanto a Coreia do Norte – bem como exportador mundial de diversos itens de material bélico (inclusive vendeu ao Brasil o famoso “caveirão”, utilizado pelas polícias em “operações” nas favelas). 

Os palestinos, por sua vez, impedidos de se estruturarem em um “Estado” – vivem exilados dentro do seu próprio território – se valem de grupos políticos armados, como o “Hamas”, e do uso de pedras para combater tanques e artilharia israelense, a chamada “intifada” (guerra de pedras).

Como se tratam de forças absurdamente desproporcionais, é claro que o lado (bem mais) forte faz nítida opção pelo combate, sempre para tirar vantagem bélica, partindo para o extermínio em massa do “inimigo” e gerando tomada e ocupação de mais territórios palestinos, mesmo que contrariando as recomendações da ONU.

Não se trata de questionar o direito de defesa alegado por Israel. Óbvio que todos os povos têm tal direito, muito embora nem todos possam exercê-lo. A questão primeira é estabelecer quem é o agressor, o que se torna difícil na medida em que Israel se nega a submeter-se a uma jurisdição internacional, negando, inclusive, o próprio Conselho de Direitos Humanos da ONU. Outra questão é a violência desmedida contra a população palestina. 

Qualquer um pode procurar por imagens junto à internet e constatar os escombros nos quais foi reduzida a faixa de Gaza, um verdadeiro campo de concentração a céu aberto. Trata-se de um espaço em que a vivência é quase impossível, conforme dados da própria ONU. Em Gaza são aproximadamente 1 milhão e 400 mil vítimas de uma situação degradante e humilhante, uma lugar inabitável como todo campo de concentração é. Ali dentro se produzem mortes em massa de palestinos em sua população civil, sejam mulheres, jovens ou crianças, confinados e eliminados em um espaço de 365 quilômetros quadrados.

Outra questão que também deve ser posta com clareza é: não se trata de crítica nenhuma ao judaísmo, uma das religiões mais antigas e respeitadas da civilização. A questão é outra: envolve uma política expansionista do Estado de Israel no Oriente Médio, com apoio dos EUA, prática chamada sionismo. Esta é a prática a ser conhecida, debatida e questionada, pois envolve o extermínio atual de toda uma nação já sem esperança.

Nos torturantes e tenebrosos campos de concentração da segunda guerra, pelo menos esperança da ajuda externa havia. Um lugar sem esperança é o próprio inferno. 



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