A coisa tá feia

Divinópolis ganhou, nesta segunda-feira, 15, um “Grupo Gestor”. Formado por 17 entidades representativas da classe empresarial, o grupo tem como objetivo se unir para fomentar o desenvolvimento econômico da cidade e fortalecer as empresas existentes. Mais uma vez, a iniciativa privada toma para si problemas que o Poder Público não deu conta de resolver. E tudo isso está ligado diretamente ao Executivo e Legislativo. A população acompanha calada, desde 2017, o cabo de guerra formado por Prefeitura e Câmara. Esse cabo começou em outubro daquele ano, quando o Executivo apresentou o projeto da revisão da planta de valores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Naquele momento, alguns parlamentares viram a chance de fazer palanque eleitoral. E tudo isso junto ao “boom” dos vídeos. Foi quando os políticos imaginavam que apenas gravar vídeo agradava o eleitorado e pronto. Sem esforço algum.

Mas, 2017 já foi, 2018 também, e 2019 caminha para o fim, e nada, absolutamente nada foi feito para aprovar o reajuste da planta de valores do IPTU, fazer o georreferenciamento da cidade, ou sequer torná-la atrativa para novas empresas. Foram-se os tempos de ouro de Divinópolis. Afinal, quem quer investir em uma cidade onde os poderes Executivo e Legislativo são praticamente inimigos mortais? É nítido e notório que os vereadores trabalham arduamente para destruir uns aos outros, e alguns fazem hora extra para pegar um errinho, o menor que seja, para derrubar o prefeito Galileu Machado (MDB). Em contrapartida, o Executivo vive na defensiva, já se preparando para o próximo golpe do Legislativo. Tanta força, tanta energia gasta em nada que vai trazer desenvolvimento para a cidade. Enquanto Executivo e Legislativo trabalham em um sistema de ataque e contra-ataque, Divinópolis para no tempo, à espera que, em algum momento, esta situação mude.

A coisa tá feia, mas tão feia, que a “Princesinha do Oeste” precisa esperar que o setor privado faça alguma coisa, pois, se for esperar do Poder Público, é melhor sentar e esperar. Até que essa “briga de comadres” entre prefeito e vereadores acabe, o jeito é desejar que o Grupo Gestor consiga fazer um milagre e torne Divinópolis atrativa o suficiente para que novas empresas sejam instaladas, e as que já estão aqui permaneçam. Não, não deve ser fácil administrar uma cidade. Afinal, tapa um buraco aqui, aparece outro ali, resolve um problema aqui, aparece outra lá. Junte tudo isso ao momento individualista que o ser humano vive hoje, no qual o sentimento de coletividade não existe mais. Onde “a cruz que pesa é a que eu carrego, a cruz que os outros carregam são leves”. Mas, também, deixar as coisas chegarem aonde chegaram e manter um cabo de guerra que não levará ninguém a lugar nenhum, muito menos os divinopolitanos, chega a ser insano.

No meio desses dois anos e meio de governo e de legislatura, já não se sabe mais para onde Divinópolis caminha. A única certeza é que não é para frente, e que a cidade depende cada dia mais da iniciativa privada para se manter viva.

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