‘Soa bem’ para quem?

Enfim a novela do transporte por aplicativos acabou. Depois de um embate que começou no meio deste ano, os vereadores aprovaram o Projeto de Lei Ordinária CM 092/2019, que dispõe sobre o serviço. Enfim, ao que tudo indica, os motoristas de aplicativos poderão trabalhar dentro da lei. Mas o que mais chama a atenção em toda esta situação, é o trâmite na Casa que se arrastou por cerca de cinco meses, foi o desentendimento entre Prefeitura e Câmara, deixando neste período de motoristas “parados” ou trabalhando na ilegalidade. O que mais desanima no fim disso tudo é constar a falta de vontade política nas ações em prol de seu povo e de seu desenvolvimento. Em Divinópolis ainda existe a cultura do “soa bem”. A cidade tem inúmeros projetos que não funcionam, mas engana os ouvidos de muita gente. Atitude comum no Legislativo e também no Executivo. A novela da regulamentação do transporte por aplicativos já poderia ter sido resolvida há muito tempo, se apenas não “soasse bem”. Essa trama poderia nem ter existido, caso não fosse conveniente  praticar a velha politicagem. Enquanto uma história acaba – ao que tudo indica – outra se arrasta há anos, sem previsão de terminar. É a revisão da Planta de Valores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que começou em 2017 e depende de “politicagem” para acabar. Afinal, em Divinópolis, “soa bem” se passar “salvador da pátria”, de “rei do mundo”, mesmo quando se coloca o desenvolvimento da cidade, o pagamento do salário dos servidores e outras situações em risco. A tal politicagem não funciona, mas é bem vinda; então os políticos não perdem tempo e “vão fundo”. Há mais de um ano, a pauta está travada no Poder Legislativo, sendo explorada de todas as formas possíveis e impossíveis.

E engana-se quem acredita que a proposta é explorada com as melhores das intenções. Já dizia o ditado: “de boas intenções o inferno está lotado”. Alguns se passando de bons moços, de defensores do povo, e usando o assunto com um único intuito: eleições 2020. Isso é triste! Pois a cultura do “não funciona, mas soa bem” tem arrastado Divinópolis para o buraco, tem prejudicado trabalhadores, os servidores municipais e a cidade como um todo. Exemplos clássicos de como isso tem prejudicado a cidade não faltam. No dia 24 de outubro, os parlamentares aprovaram o PL 061/2019, que autorizava a Prefeitura a doar um terreno para o grupo ABC, para a construção de um Centro de Distribuição. O empreendimento geraria 300 novos empregos, mas corre um certo risco.

Dois ambientalistas denunciaram a doação no Ministério Público (MP). Apesar de a denúncia “ser anônima”, uma das pessoas é muito amigo de um vereador, fazia parte do quadro de funcionários da Prefeitura e não foi reconduzido ao cargo após a reforma administrativa. Lamentavelmente é só mais uma vez a cultura do “soa bem” prevalecendo na cidade, orquestrada por gente que tem mais interesse em prejudicar do que ajudar a cidade a crescer. Não funciona, mas...

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