‘A vida é feita de escolhas’

Todo dia, escolher a roupa que se vai vestir. Esta ou aquela. Se guarda o dinheiro ou se gasta na onda do consumismo. Se faço ginástica ou se deixo de fazer. Aceito as pessoas e as coisas como elas são. Ou não. Entro em conflito comigo mesmo e com os outros. Você decide. Ou vejo o sol se pôr ou me instalo na poltrona para ver novela. Ou levo a vida ou deixo a vida me levar. Ou as duas coisas. Ou só penso em dinheiro ou tenho dele um conceito utilitário. Ou valorizo a vida ou pouco vou me lixando para medidas de segurança. Mas também não reclame das consequências. Estamos vivendo de tragédias anunciadas. Ou estou me lixando para a opinião pública. Ou não. Vale o meio termo? Ou espero a tempestade passar ou aprendo a dançar na chuva! Você não pode mudar o vento. Ou você cede à fúria do vento ou tenta ajustar as velas do barco.

Viver é arte maior. Mas ninguém escolhe viver. A vida, então, não é, propriamente, feita de escolhas: está posta aí, como um desafio permanente. Mohamad Barakat, em “Ressignificando sua vida”, define desafio como ferramenta, “algo mais que vai servir de força motriz para você evoluir”. Ressignificar: dar novo significado a; desafio: do latim, disfidere, renunciar à própria fé (dis + fides). Disfida, em italiano. Evoluiu para ‘desafiar’.

Teoricamente, a vida é feita de escolhas. Na prática, as opções são limitadas. Cada pessoa vive a própria vida. Escolhe a partir de... Nenhum brasileiro escolheu nascer em um país de classe política superprivilegiada, com altíssimo custo para o erário e pouquíssimo retorno. Nenhum humano escolheu onde nascer. Se numa manjedoura ou em berço esplêndido. Ficar deitado eternamente em berço esplêndido tem sido uma escolha oficial e sistêmica. E essa acomodação está mostrando a que veio. O Brasil carece de res/significação, de alternativa exclusiva: polêmica ou ação, radicalização ou tolerância, esbanjamento ou sobriedade, jeitinho ou ética.

 

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